terça-feira, 29 de maio de 2012

Entrevistamos: Urânio Enriquecido

Urânio, um pouco duro para a foto, gosta mesmo é de arte concretista para investir seus bilhões adquiridos em sua temporada no Irã
É difícil não ser contaminado por este personagem que vem ganhando cada vez mais espaço na mídia. Extremamente reativo, ele diz não entender toda essa polêmica em torno do seu enriquecimento, que, segundo ele, não começou no Irã e é totalmente lícito. "Queria ver se fosse lá em Brasília. A origem do meu enriquecimento é fácil para qualquer criança que cursou o Segundo Grau entender", diz o Urânio Enriquecido, em uma de suas muitas frases e reações de efeito. Leia, a seguir, essa entrevista explosiva.

Como começou essa polêmica toda?
Urânio Enriquecido: Acho que tudo isso foi só porque eu fui me aposentar e viver no Irã. Parece inveja, despeito. Em Brasília, está cheio de gente enriquecendo de formas inexplicáveis e ninguém fala nada. É importante dizer que eu não comecei a enriquecer agora e tudo o que eu ganhei foi com o meu trabalho.

Você se considera injustiçado?
Urânio: Claro. No Brasil, vocês têm o Eike Batista, que ninguém sabe direito o que faz da vida ou como ele enriqueceu, e ninguém fica alugando o cara. Já eu... E olha que eu produzo alguma coisa, energia, pelo menos.

Você sempre se sentiu perseguido?
Urânio: Na época da Guerra Fria, a coisa era pior. Mas eu estou acostumado. Na escola, eu sofria bullying porque muita gente não conseguia falar direito meu nome e eu era chamado de Urano, o mesmo nome daquele planetinha de sétima categoria que o povo nem tem certeza se existe mesmo.

Mas como você enriqueceu afinal?
Urânio: Nos anos 1980, graças a Hollywood. Eu participei de quase todos filmes que falavam de energia nuclear. Cheguei a ser sondado para o primeiro De Volta para o Futuro, mas eram tantas propostas, que acabei deixando a oportunidade para o Plutônio, garoto esforçado, que começou uma brilhante carreira ali.

Esse seu temperamento não te atrapalha?
Urânio: Olha, eu sou meio explosivo, mas só quando me provocam. Se eu entrar em atrito, posso fazer um estrago enorme, mas, no mais, gosto de ficar na minha, quietão, jogado lá na natureza. São os outros que mexem comigo e, depois, reclamam.

Quem? Os iranianos?
Urânio: Essa fixação toda é dos americanos, que não me esquecem. Mal sabem eles que o que eu queria mesmo era morar em Goiânia, onde um tio meu viveu nos anos 1980 e parece que foi muito bem recebido, com festa e tudo, mas ele andou fazendo algum estrago por lá e meu visto foi negado.

A que você atribui sua fama?
Urânio: Ah, sem dúvida, meu lançamento e meu sucesso mais estrondoso foram mesmo em Hiroshima, onde me joguei numa carreira que tinha de tudo para ser meteórica, mas estou aí até hoje. Muita gente só ouviu falar de mim agora, mas eu estou nos livros de história já. A grande injustiça é dizer que eu faço mal às pessoas, mas quem me provoca são os outros. Depois, eu explodo e o pessoal reclama.

Você pretende voltar ao cinema?
Urânio: Eu ando meio esquecido pela indústria cinematográfica. Mais recentemente, me candidatei para participar do Homem de Ferro, para fazer uma ponta na engenhoca do coração dele, mas preferiram inventar um novo elemento químico, para não precisar pagar royalties. Em Os Vingadores, aparece um primo meu, o Irídio, e de ele enriquecer, ninguém reclamou. É muita injustiça.

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