terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Viagem levando a patroa

Trate bem sua empregada.
(Para ver o vídeo, clique aqui.)
Ao contrário da Cleide, não sou totalmente dependente da patroa e odeio dormir no serviço, a não ser quando estou sem paciência para as frescuras dela, e tiro um cochilo no sofá vendo Sessão da Tarde.

Naquela época em que ela casou com o Seu Ricardo Antônio, eu achava que ela já era meio fresca, e, agora, com um menino de quase dois anos e um bebê, acho que ela é mesmo completamente louca. Confesso que me divirto quando vejo ela falando cheia de dedos comigo por medo de eu ir embora, já que quase ninguém mais quer fazer este tipo de serviço.

Na minha opinião, em algumas ocasiões, as patroas são extremamente úteis, como na época do pagamento. Em outras, são item de “terceira” categoria, apesar de ricas. Se bem adestradas, elas podem quebrar um galho danado e servir como desculpa para quando você não quiser sair com aquele macho que vive te pentelhando.

Bom, a primeira vez que levei a minha patroa para sair foi quando o marido dela viajou para São Paulo, disse que ia sair com os amigos e a tonta acreditou. Ela delirou, claro, perguntando se íamos de táxi a Madureira, mas logo tava se esbaldando na SuperVia, depois de tomar umas Itaipavas, achando que vida de pobre é uma maravilha. O problema é que os seguranças da estação estavam nos obrigando a ocupar o espaço onde só cabia meia pessoa. Ela adorou aquele cheiro de povo.

A estreia da minha patroa foi logo num baile funk. Chegando lá, deixei claro para ela que ela não podia sair dando mole para qualquer um, não, porque subúrbio não é bagunça, não pode pegar o homem da outra, o que acontece direto na Zona Sul. Foi assim que meu pai me ensinou e eu dou muito valor. O primeiro ponto que deve ser deixado claro é esse. Uma das coisas que a Cleide me ensinou é que muitas patroas só têm dinheiro, mas não nascem sabendo como se comportar. Se o marido dela não liga de ela ser uma periguete, eu não estou nem aí.

Segundo ponto importante: se a patroa sai comigo, tem que comer o mesmo podrão que vende na porta do baile. Sem essa de "já comi", "tô de dieta". Já chega a frescura de ter que fazer comida sem sal e sem gordura na casa dela. Se sai comigo, quer tirar onda de que é minha amiga, e não quiser que eu a processe quando for embora, vai ter que comer a mesma coisa que eu e minhas amigas. Uma coisa que eu faço, enquanto ela perde tempo procurando o cardápio e escolhendo os ingredientes, é mandar o Cléber do trailer descer um X-Tudo bem carregado e entregar na mão dela. Depois, deixo para ela pagar, pois, lembre-se, é ela que tem dinheiro, afinal.

O segundo passeio que fizemos juntas foi para Iguaba (leia-se "Praia Grande", em São Paulo). Dessa vez, eu me vinguei. Levei meus filhos e deixei ela brincando com eles. Acho que foi muito útil a presença dela, primeiro para andar atrás do Washington na areia, porque ele gosta de ver as coisas. Eu deixei ela comer o que quisesse, ela se esbaldou com picolé vagabundo, que você chupa e fica só o gelo, tentei avisar para não comer o camarão, mas ela não me ouviu.

Mas tudo o que disse depende muito da patroa, pois algumas patroas muito frescas podem proceder como se estivessem em casa, ou estarem "mal acostumadas" e isso pode não ser adequado para você. Ou seja, se a família dela não deu educação, ela vai achar que na vida real é assim. Cabe à empregada, ou babá, colocar a patroa no seu devido lugar, para não passar a odiá-la pelo excesso de convivência.

*Texto em resposta ao bizarro "Viagem levando babás", do blog "Viajando com Filhos", retirado do ar após a repercussão negativa. Aqui embaixo, seguem as capturas das telas originais (sem os rostos das crianças e da coitada da babá, cuidado que a autora não teve), assim como a tentativa de retratação. Para ler, sugiro clicar com o botão direito do mouse na imagem desejada, para abri-la em uma outra aba/guia, e poder dar zoom à vontade, ou abri-las em outro programa:

Se preferir ler em texto, fora da formatação original, em outro site, clique aqui.

Outras cartas e conversas:
Casal em trânsito
Diálogos que adoraríamos ver na TV
Dias (ou Noites) Modernos(as)
Papo Masculino
A seguir, cenas dos próximos capítulos
Carta da vírgula na era da exclamação

22 comentários:

  1. Iiii, já excluíram o texto lá do blog. Antes tivessem excluído antes de eu ler tanto absurdo. A outra versão ficou ótima.

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    1. Obrigado, Gabi! (Inclusive pelo aviso.) Consegui capturar o texto original em imagem (links acima). Volte sempre!

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  2. Eu li este texto hoje- aliás, conheci o seu blog hoje- e amei este texto! Parece mentira que ainda haja pessoas que dividem as outras em categorias!

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    1. Obrigado, Josiane! Para alguma coisa boa, esse texto tinha que servir, então. Fique à vontade para voltar sempre e recomendar aos amigos.

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  3. Boa! Vamos calar a boca daquela tal Valéria de BH infeliz – ela devia ser proibida de ter filhos!

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    1. Hahahahahaha... Só rindo mesmo... Algo me diz que ela já se arrependeu do que escreveu. Talvez, essa polêmica toda tenha ajudado a moça a conhecer um pouco mais do país que ela habita de uma forma mais realista do que viajando, e se hospedando em hotéis luxuosos. Volte sempre!

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  4. Pessoal, dá para ler o cache do texto! A "memória" do post continua na web, o Google salva tudo e não apaga, mesmo depois do original sair do ar: http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:D3RZKmYRhc4J:viajandocomfilhos.com.br/dicas/viagem-levando-babas/+&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&client=firefox-a

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    1. Verdade, Luana. Muito bem lembrado. Coloquei o link lá em cima, no pé do texto, junto com as capturas de tela do texto. Obrigado pela dica e pela leitura. Volte sempre.

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    2. O site entrou em manutenção, não dá mais para ler a retratação e não consegui encontrar o cache (será que o Google não tinha salvo ainda??).
      Só complementando, sem entrar no mérito de necessidade ou não de babá (em viagem ou onde for), se a autora tivesse sido cuidadosa, poderia ter dado as mesmas orientações sem ter sido ofensiva... Continuaria sendo fútil, certamente hehehe, mas cada um tem direito a contratar os serviços que bem entender, desde que não seja imoral nem ilegal. :)

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    3. Concordo, Luana. Ela errou justamente na forma como transpareceu tratar seus empregados, como objetos, bichos, sei lá. Não é ilegal ter babá, nem levá-las para a viagem, mas é triste ver gente que acha que pode tratar os outros assim. O link que eu coloquei no pé do meu texto para o cache ainda funciona, assim como a imagem capturada do texto. Bom proveito.

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    4. Ela acha que faz um "bem social", uma "caridade" levando a babá para viagens, para andar de avião, se hospedar em hotéis caros, também comer em restaurantes caros. Até guloseimas ela oferece! Olha só, que alma caridosa rsrsrsrs. Mas é realmente mto triste saber q mta gente pensa assim... :/

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  5. O que dizia a retratação? Perdi, que pena...

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    1. Achei o cache da retratação. Tou achando que elas vão tirar o blog do ar, porque já acabaram com a página no Face... http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:7qwFN-T8nWoJ:viajandocomfilhos.com.br/dicas/retratacao/+&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&client=firefox-a

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    2. Obrigado, mais uma vez, Luana. Linkei para o cache e capturei a tela, como você pode ver no pé do post, novamente atualizado. Samantha, olha lá os links e as imagens.

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  6. Oi Jorge, me indicaram esse texto e vim dar uma olhada.
    Achei otima a sua resposta! Sabe, quando eu vi o texto sobre as babas sendo divulgado no "Classe Media Sofre" cheguei a pensar que era zoeria. Que alguem tinha feito aquele texto para "causar". Mas nao! Era verdade! pelamor!
    Depois eu vi um baaaaaando de gente indo no blog, na pagina do blog no facebook e onde mais desse para simplesmente ofender a blogueira. Eh aquilo, a pessoa fala "morte aos assassinos!" e não percebe a incoerência.
    Quer dar uma boa resposta a um texto impertinente? Faca como voce fez! Faca um post tirando sarro...
    Parabens!

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    1. Oi, Luana. Obrigado pela leitura e pelos elogios. Confesso que, quando eu comecei a ler o texto original, também achei que fosse piada. (Por isso, aliás, foi até difícil fazer uma carta de resposta e quase desisti, dado que a primeira já era tão surreal.) Vendo o perfil do blog, entendi que o texto era "sério". Acho que o pessoal errou na mão na reação, claro, como acontece com frequência na internet (é apenas um dos riscos da rede), e entendo terem tirado o site do ar, especialmente porque envolve crianças (um cuidado que a mãe deveria ter tomado antes, eu acho). Bem, esse foi o jeito que eu encontrei de responder à altura (com outro texto, afinal) e é a forma como sempre prefiro (e acho que, de alguma forma, sei) fazer. Obrigado. Volte sempre e fique à vontade para recomendar aos amigos. :)

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  7. moro em Bahrain, não consigo acessar os links, que aparecem como "bloqueados". aqui se bloqueia tudo que tem carater pornográfico... hahaha ás vezes eu me pergunto o que eles consideram pornogárfico!

    :-(

    queria ler

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    1. Hehehehehe... Oi, Inaie. Que bom que você consegue ver com humor essa situação. De fato, tem uma certa graça mesmo nos critérios que esses sistemas usam para definir o que é pornografia. No meu post aí em cima, tem as imagens com as telas capturadas (no pé do texto), tanto com o texto original quanto com a retratação. Se não conseguir visualizar no seu navegador, recomendo clicar com o botão direito do mouse e salvar as imagens para ler em outro programa. Espero ter ajudado.

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  8. Jorge adorei sua resposta!haha...Tinha lido o texto da fulana, mas não sabia da retratação..Parabéns pelos textos, sempre leio :)

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    1. Muito obrigado, Paula. Também fico grato por sua leitura e comentários de sempre. Sobre o caso específico, até a retratação já saiu do ar. História triste. Só o humor salva. Volte sempre!

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