domingo, 29 de julho de 2012

Como fazer propaganda de graça para a Apple

Leia hoje, no Globo.
Outros posts publicitários:
Como seriam Rio e SP se fossem iguais ao que são na publicidade e na TV
2013: o ano do PT na publicidade
Publicidade desserviço (ou: As piores estratégias de marketing)
Portfólio (ou: Por que não virei publicitário)

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Post olímpico


E, como é impossível não falar de Avenida Brasil...

Outros posts esportivos:
Globo cancela ida do homem à lua, eleição de Collor e substitui Olimpíadas por Mensalão
Eike Batista admite fazer uso de craque
Ronaldinho adia estreia no Atlético por não passar no bafômetro e chamar time de "Rabo de Galo"
Fluminense e Botafogo disputam piadas sobre Corinthians. Torcida corintiana passa a da seleção
Foi, Curíntia!

Resumo da Semana: 21 a 27/07/2012

Nessa semana, amiguinhos, aprendemos que:
Devemos tratar bem as empregadas domésticas (o mesmo vale para enteados), pois um dia a casa cai para o seu lado.
Cadeirantes não devem usar aviões.
Candidatos não devem usar skates.
O Twitter é o melhor Procon que existe.
As Olimpíadas de 2012 não aconteceram.
Coreia do Norte e Coreia do Sul não são a mesma coisa, embora ambas tenham perdido o acento na última reforma ortográfica.
É constrangedor ver a Globo exibindo fotos do jogo no dia seguinte, no lugar das transmissões ao vivo.
Adriana Esteves manda bem até de empregada.
É possível sentir pena da Carminha.
Se o Kassab fosse prefeito do Rio, proibiria as praias, alegando falta de vagas para automóveis.
O brasileiro talvez nem conhecesse futebol se não passasse na Globo.
Existe amor na Papuda.
Favelas ainda entram em combustão espontânea em SP.
O Brasil é o país do futebol. Feminino.
Às vezes, a Globo perde. Carminha também.
Kassab proibiu o inverno em SP.
É possível falar mal do Louro José na Globo, se for na novela.
Maria de Fátima e Odete Roitman são fofas perto de Nina e Carminha.
É impossível fazer um blog sem falar de Avenida Brasil.
A bandeira da Coreia do Norte só foi trocada porque as Olimpíadas são da Record.
O mundo desenvolvido também erra.
Imagina na Copa.

Posts da semana:
Globo cancela ida do homem à lua e eleição de Collor
Extra! Carminha e Max começaram em Vale Tudo!
Recados da Carminha
Da série "Diálogos possíveis"
Outras semanas:
20 de julho: Rosane Collor, magia negra, Perdi meu Amor
20 de janeiro: BBB, Luíza e o Canadá, Carlos Nascimento

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Globo cancela ida do homem à lua, eleição de Collor e substitui Olimpíadas por Mensalão

COI garantiu que não contabilizará pontos dos brasileiros para não prejudicar as estatísticas do canal no futuro. Atletas dizem que não vão ganhar nada mesmo
CASA DOS TUFÃO -- Depois de inaugurar o conceito de "ao vivo gravado" e decidir ignorar completamente as Olimpíadas de 2012, a vênus platinada resolveu chutar o balde e cancelar eventos que já passaram.

Para substituir a programação esportiva do próximo mês, a Globo já pensa em alternativas revolucionárias à sua programação, como estender Avenida Brasil em mais duas horas, com direito a um quadro de dança entre os atores, para poder ocupar o espaço na grade.

Além disso, João Emanuel Carneiro prometeu que Nina matará Carminha umas duas vezes, e vice-versa, nos próximos 30 dias, para assegurar a audiência. No restante do dia, a Globo transmitirá reprises do capítulo anterior, duas vezes ao dia, além de um compacto dos melhores momentos, à semelhança do que é feito no Carnaval.

Para quem gosta de emoção, a GloboNews transmitirá, durante as competições de que o Brasil participará, flashes exclusivos ao vivo do julgamento do mensalão com narração de Galvão Bueno. Ipi!

A seleção brasileira de futebol prometeu continuar invicta: sem ganhar o ouro olímpico, para a Globo não precisar o ignorar o campeonato no futuro como fez com as Diretas Já, e para Galvão não ficar em dúvida sobre o grito ufanista a utilizar num (cada vez mais) suposto bicampeonato olímpico nos jogos futuros.

Mais sobre o fantástico mundo da televisão:
Globo transmitirá Copa de 2014 em 2015
Jornalista de Novela
E se a Avenida Brasil da novela fosse a de SP?
Extra! Carminha e Max começaram em Vale Tudo!
Álbum de Figurinhas Avenida Brasil
Ronaldinho é novo contratado do Divino FC
Nina ensina como se dar bem na carreira
Carminha declara apoio a Haddad

terça-feira, 24 de julho de 2012

Extra! Carminha e Max começaram em Vale Tudo!

Carminha e Max no começo de tudo, fazendo caras de meigos no mesmo capítulo da novela de Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères (vídeo abaixo)
A despeito de todas as comparações que podem ser e têm sido feitas entre Avenida Brasil e Vale Tudo, na intensa disputa sobre qual novela é melhor (discussão que, em si, é uma grande bobagem), este blog vem a público fazer uma revelação bombástica: um vídeo que mostra Carminha em sua tão falada carreira de modelo, iniciada em Vale Tudo (aos 17 segundos e aos 3min11s e outras vezes no fim do vídeo abaixo) e que explica muito de seu espírito de vingança contra o mundo. Afinal, ela perdeu a competição para Maria de Fátima (sempre ela). Não bastasse isso, Max também aparece (a partir dos 3min30s), antes de conhecer sua parceira e sócia, já se mostrando interessado em se aproximar do amigo rico da ocasião, mas ainda ostentando valores morais. Depois disso, Carminha ainda mudaria o nome para Sandrinha, para seduzir os homens em Torre de Babel. Engana-se quem diz que foi João Emanuel Carneiro que os iniciou nessa carreira de golpes e crimes. Rita provavelmente não sabia disso porque não tinha idade para ver a novela na época e tinha que dormir na hora. Agora é com você, Nina! É só mandar este link para o Tufão e tudo estará resolvido!


Mais sobre Avenida Brasil:
Avenida Brasil e Star Wars: cretinas semelhanças
Avenida Brasil não terá fim, atendendo Procon. Emigração explode com receio de fim da novela
E se a Avenida Brasil da novela fosse a de SP?
Álbum de Figurinhas Avenida Brasil
Recados da Carminha
Ronaldinho é novo contratado do Divino FC
Nina ensina como se dar bem na carreira
Carminha declara apoio a Haddad
Casa da Mãe Lucinda x Casa da Mãe Joana

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Feliz Dia do Amigo!

Outras homenagens:
Viva o Dia das Crianças!
Feliz Dia dos Irmãos!
Dia de Jornalista
Feliz Dia dos Pais
Feliz Dia do Rock(y)
Homenagem para o Dia das Mães
Para o Dia dos Namorados
Tecnologia para Leigos

Resumo da Semana: 14 a 20/07/2012

Nessa semana, aprendemos que:
R$ 18 mil não são suficientes para uma pessoa passar o mês.
Candomblé, umbanda e magia negra são a mesma coisa.
Renata Ceribelli continua fazendo entrevistas para o Vídeo Show.
Rosane Collor era uma freira na LBA.
O Medida Certa não funciona.
Collor foi eleito pela macumba, não pelo debate editado pela Globo para o Jornal Nacional.
Pesquisas eleitorais deveriam ser feitas só com mães-de-santo.
A urna eletrônica é resistente ao sobrenatural.
Fátima Bernardes sabe dançar charme. Bial não.
Nina conseguiu reunir provas de que Carminha e Max são amantes, gravou tudo em seu celular com câmera de 41 megapixels, mas não conseguiu enviar para Tufão porque seu celular era da Tim, da Claro ou da Oi.
Não existe amor em SP, só propaganda de celular mesmo.
Ninguém faz vídeo para recuperar par romântico na internet.
Se ele não te ligar, é porque não quis, não adianta olhar Youtube.
Carminha descobriu que Nina é Rita, mas ainda não sabe que, na verdade, ela é que é a Débora.
Execução, assalto e suicídio são a mesma coisa no Brasil.
Esse ano vai ter Olimpíadas.
Adriana Esteves é sensacional mesmo gripada.
Susana Vieira não.

Outras semanas:
27 de julho: Olimpíadas, Nina, Papuda, Marcelo Rubens Paiva
20 de janeiro: BBB, Luíza e o Canadá, Carlos Nascimento
Posts da semana:
Feliz Dia do Amigo
Para quem curte um viralzinho
Um verdadeiro drama para a família brasileira

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Para quem curte um viralzinho...

Conforme adiantou este blog... Se você caiu no golpe de fazer propaganda de graça para alguma empresa, achando que estava ajudando alguém, por mais banal que fosse a motivação do sujeito e por mais pegajoso que ele fosse, compartilhe. Como adiantou Criolo, não existe amor em SP. Prometo que é o último post a respeito. Depois disso, voltamos à nossa programação normal.


Outras campanhas de relevo:
Perdi meu Uísque na Balada
Portfólio (ou: Por que não virei publicitário)
Homenagem ao Dia do Rock(y)
Feliz Dia das Crianças!
Dia dos Pais Especial
Feliz Dia dos Irmãos!
Dia de Jornalista
Dia do Amigo
Homenagem para o Dia das Mães
Para o Dia dos Namorados
Tecnologia para Leigos
Natal é tempo de...
Capas de fim de ano: o que querem realmente dizer

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Um verdadeiro drama para a família brasileira

Por favor, compartilhem...

"Oi. Meu nome é Jorge, eu queria fazer um apelo para vocês. Sábado passado, eu fui numa balada na Augusta e lá eu pedi um copo de uísque chamado Teacher's. Me embebedei na hora, foi porre no primeiro gole, eu não acreditava nisso, mas aconteceu, rolou uma química legal ali, um momento bem louco. Na hora de ir ao banheiro, deixei o copo num canto e eu, briaco, mamado, perdi. Então, queria pedir uma ajuda a vocês, para me ajudarem a encontrar meu copo. Se tiverem alguma informação dele, para me enviar... Ele é baixo, com gelo até a metade, já meio derretido, mas ainda deve ter alguma pedra inteira, linda, linda, linda, e eu só tenho essa foto que eu tirei com o celular. Já procurei na minha casa, no boteco da esquina e não encontro de jeito nenhum. Mas, vamos tentar desse jeito, a agência de publicidade que me contratou me convenceu a fazer isso, porque eu preciso de alguma forma fazer o maior número de infelizes compartilharem esta foto (pois eu não sei editar vídeo, e nem usar Photoshop) fazendo propaganda de graça sem nem saber do quê. Tô desesperado, já nem durmo, porque tudo gira quando eu deito a cabeça e, quando eu acordo, é pior ainda. Pela publicidade e pela cachaça, vale tudo."

Outros apelos relevantes:
Outras campanhas:
Homenagem ao Dia do Rock
Homenagem para o Dia das Mães
Homenagem ao Dia dos Namorados

quarta-feira, 11 de julho de 2012

E se a Avenida Brasil da novela fosse a de SP?

Nina se chamaria Mina. Jorginho se chamaria Julinho. Teria metade da duração, e ficaria lenta com frequência. Mudaria o nome para Henrique Schaumann quando chegasse na metade. Só passaria na TV paga. Carminha seria uma perua da Oscar Freire. Ágata seria exatamente como ela é. Roni também. O Divino FC ficaria no Clube Pinheiros. O Divino teria ainda mais playboys. Jorginho ainda estaria no banco. De investimentos. O estádio do Divino ainda estaria em construção. Roni estaria de mudança para a Frei Caneca. A música de abertura seria um sertanejo universitário. Carminha faria uma coligação com Maluf. E venceria. O bar do Silas seria um "bar estilo carioca" na Vila Madalena. E só serviria chope com muita espuma. O Darkson seria o Supla. Olenka falaria no gerúndio. Cadinho trabalharia na Faria Lima. Cadinho trabalharia. Lucio daria golpes na Praça da Luz, ou no Trianon. A novela seria destruída no fim para dar lugar a um viaduto. Diógenes seria interpretado pelo Andrés Sanchez. O Tufão teria jogado no Corinthians antes da Libertadores. O baile charme seria um show no Villa Country. Jorginho iria à balada na Vila Olímpia, mas encheria a cara no Largo do Arouche. Iran seria seu truta. Tufão teria casa em Praia Grande. Carminha e Max planejariam fuga para Campos do Jordão. A loja do Diógenes ficaria no Largo Treze (tá, ou na 25 de Março). Quem moraria na Zona Sul seria a Zezé. Os capítulos de sábado se passariam no Rio. Ou no Guarujá. Os capítulos de sexta-feira seriam parados, com os personagens no engarrafamento tentando descer para a praia. Tufão compraria suas camisas na Fascynios. Verônica, Noêmia e Alexia (e Cadinho, que paga a conta de todas) morariam em Vila Nova Conceição. E passariam as tardes no Iguatemi. Roni não teria sido rejeitado no São Paulo. Jorginho se mudaria para o Itaim. Nina teria um apartamento perto da Avenida Paulista. Nilo moraria num apart-hotel na Augusta. O Divino jogaria na Portuguesa (sem qualquer relação entre os desempenhos dos clubes). O Divino jogaria. Zenon seria dono de uma empresa de segurança. Carminha furtaria lingeries no Shopping Cidade Jardim. Nina sairia para buscar temperos no Empório Santa Luzia. Nina faria bicos como motoboy. As cenas de praia seriam gravadas no Ibirapuera. Seria possível chegar a Ipanema em menos tempo. Estaria cheia de cariocas. Os capítulos atrasariam devido ao trânsito. Suelen trabalharia numa facção de costura da Zara e casaria com algum empresário bem sucedido do setor alimentício. Max já seria empresário: dono de um puteiro em Moema. Mas continuaria quebrado (e teria problemas com a prefeitura). Não existiria o lixão, porque o Kassab proibiria. Genésio teria aprendido a atravessar a rua com a Wanderléa nas propagandas da prefeitura, e não teria sido atropelado.

Mais sobre Avenida Brasil:
Avenida Brasil e Star Wars: cretinas semelhanças
Avenida Brasil não terá fim, atendendo Procon. Emigração explode com receio de fim da novela
Extra! Carminha e Max começaram em Vale Tudo!
Álbum de Figurinhas Avenida Brasil
Ronaldinho é novo contratado do Divino FC
Carminha declara apoio a Haddad
Nina ensina como se dar bem na carreira
Mais sobre as diferenças entre Rio e SP em:
Saint Paul: São Paulo para gringos
Dicionário Rio x São Paulo de Gírias e Afins
Rio x São Paulo: Manual de Adaptação

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Dicionário Rio x São Paulo de Gírias e Afins

Para um dicionário completo de gírias e expressões cariocas e paulistanas, leia Ponte Aérea - Manual de Sobrevivência Entre Rio e São Paulo, disponível nas melhores casas do ramo, no site da editora (Matrix) e em e-book no Kindle, no iBooks (Apple iTunes), no Google Play (Android) e no Kobo.

(Siga a página do livro no Facebook! Troco likes e sigo de volta!)

Neste tão festejado quanto incompreendido Dia da Revolução Constitucionalista, celebrado no Estado de São Paulo (e na Folha também, rá!), este blog decidiu fazer uma modesta homenagem à locomotiva deste país e seus cidadãos. Para ajudar paulistas e paulistanos (não são a mesma coisa, amigo carioca) a serem mais bem entendidos no resto do país, especialmente pelos implicantes cariocas, segue uma singela contribuição de gírias e afins da pauliceia e suas respectivas traduções para o carioquês (língua falada no Rio e nas novelas da Globo, além de único outro sotaque brasileiro dominado pelo blogueiro) e vice-versa.

Aí: o "então" do carioca. Serve para começar qualquer frase. Qualquer uma no Rio.
Amarradão: gíria de outrora (assim como falar "outrora") do Rio, para dizer algo tipo "afinzão", "boladão", "apaixonadão", mas sem dizer que está apaixonado. Nada a ver com violência, associação, aliás, que possivelmente tem feito a gíria cair em desuso. É equivalente ao "a fins" do paulistano.
Amigo: vocativo ou apelido para qualquer pessoa no Rio. Aceita também as variáveis "meu amigo" e "amigão". (Paulistano demora mais para ser conquistado, prefere chamar de colega, quando é apenas um companheiro de trabalho.)
Amigo Oculto: no Rio, a mesma brincadeira chata que é chamada de "amigo secreto" em SP.
Amigo Secreto: em São Paulo, a mesma brincadeira chata que é chamada de "amigo oculto" no Rio.
Animal: "idiota" (ou tosco) no Rio, algo "maneiro" em São Paulo. "Ô, animal, olha o sinal!", "Putz, mêu, essa novela tá animal." No Rio, a gíria tem evoluído (?) para "monstro" ou "inseto", mas este último conceito ainda não é usado de forma unânime.
Apavorar: arrasar, impressionar, desde que em SP. Do verbo aterrorizante, também deriva o substantivo "apavoro" (lê-se "apavôro). "Meu, cheguei lá apavorando já, né?" ou "Cheguei lá no apavôro, mano."
Arpex: Arpoador, para os íntimos, no Rio.
Arroz: o acompanhamento de sempre, mas que pouca gente come, no Rio. É o sujeito que só acompanha, vive cercado de mulheres, mas é sempre só amigo. Também serve para a pessoa que está em todos os eventos, não falta a nenhum, o "arroz de festa", provável gíria que deu origem à gíria.
Azarar: expressão inexplicável para dizer "paquerar" ou "dar em cima de" alguém no Rio, considerando a autoestima do carioca, que, em geral, considera uma sorte (da outra pessoa) ficar com ele(a). Uma das explicações possíveis é que o contrário de "azarar" seria "sortear", o que pode significar que a pessoa poderia cair nas mãos de outro(a). Outra é que a gíria é derivada da expressão "arrastar a asa" para alguém, e o azar seria da língua portuguesa, já que nenhuma ave conhecida tem "aza". A explicação mais convincente, no entanto, é que "azarar" seria uma evolução de "urubuzar", em função da semelhança entre o movimento da ave e o do marmanjo sobrevoando os seus alvos. Como urubus têm a fama de dar azar, alguém se aproximando do outro em busca de sexo também.

Bacana: expressão vintage carioca revisitada para dizer que algo é legal (eventualmente, ilegal), num sentido mais "low profile", nada que vá mudar sua vida. "A viagem foi bacana." Agora, se for algo "beeeeem bacana", já significa que foi um evento memorável.
Bagaça: absolutamente, qualquer coisa, no Rio ou em SP, a ponto de ser difícil de dizer de onde a gíria se originou. Embora ela conste registrada em menções aos anos 1980 paulistanos, combina muito com o jeito carioca de falar. "Qual é da bagaça?", "Pegou a bagaça lá em casa?", "E aí? Vamos hoje à noite na bagaça, ou não?"
Bagúi: variável/corruptela de "baguio" e da palavra original "bagulho", em São Paulo, onde significa absolutamente qualquer coisa. Claro que a origem é a mesma do "bagulho" carioca, consumido no Posto 9 e em todo o resto da cidade. "O bagulho é doido, mano."
Bagulho: qualquer coisa no Rio. "O bagulho é doido, merrmão!"
Baiano: gentílico genérico que alguns paulistas usam para definir qualquer brasileiro que tenha nascido do Rio de Janeiro para cima. Difícil dizer se é mais preconceituoso com os nordestinos (o alvo mais frequente dessa generalização), com os baianos mesmo, ou com o resto do país.
Balada: forma do paulistano de chamar qualquer programação noturna (ainda que seja um bar com os amigos, quando se passa dos 30) e que, graças à paulistanização da Globo, está sendo nacionalizada e incorporada até pelos mais novos no Rio, que usam a expressão como forma de rebeldia, para não ter que usar a brega "night" dos pais.
Barato: "bagulho" em SP. "O barato é louco, mano!" (Afinal, quando os cariocas entram com o bagulho, os paulistanos já estão curtindo o barato.)
Barra: o que os cariocas chamam de "bainha" da calça.
Barraco: qualquer confusão no Rio. "O evento ontem foi um barraco só."
Barra da Tijuca: a Vila Olímpia do Rio. Com praia.
Barraca: o que os cariocas usam na praia, no lugar do guarda-sol dos paulistanos. Pode ser chamada pelo nome completo, "barraca de praia", embora seja apenas um tecido redondo esticado sobre um pau de madeira e falte algumas coisas para ser propriamente uma "barraca". Paulistanos que ouvem essa expressão pela primeira vez podem achar que o carioca que a pronunciou está indo acampar na areia.
Bauru: um tipo de sanduíche, digo, de "lanche" específico, à base de queijo, presunto e tomate em São Paulo. É possível encontrar a seção "bauru" em cardápios de bares e lanchonetes com diversas variações, mas com esta mesma base, embora a versão original seja um pouco mais sofisticada, com rosbife e não com presunto, e com diversos tipos de queijo.
Bicho: meu Deus, por que toda gíria do Rio parece vintage e/ou saída de um episódio de Armação Ilimitada?! Bem, essa eu uso e acho "maneiríssima". Serve para se referir a qualquer amigo mais próximo, sempre com um tom de maresia e anos 1960/70. "Pô, bicho, sai dessa, vai lá não..."
Bico: para o paulistano de raiz (com mais de 50), nada é fácil. Se algo pode ser feito com tranquilidade, ele diz que "é bico". Mais recentemente, a palavra foi incorporada pelo pessoal do hip hop para dizer que alguém é intrometido, fofoqueiro, derivado, portanto, de "bicudo".
Bidu: sabidão, sabichão, adivinhão, na gíria antiga paulistana, em geral com algum sarcasmo.
Birosca: qualquer lugar, no Rio.
Biscoito: como os cariocas chamam o que os paulistanos chamam de "bolacha".
Bituca: paulistano não joga guimba de cigarro no meio da rua, ele joga "bituca" mesmo.
Bizarro: o novo "sinistro" do Rio, desde que "sinistro" passou a designar qualquer coisa, boa ou ruim, que cause relativa surpresa.
Blusa ou abrigo: paulistano é oito ou oitenta. Quando está frio, ele não usa casaco. Coloca apenas uma "blusa". Ou um "abrigo", se for mais exagerado (e tiver mais de 50 anos).
Boiada: muito ligado às suas origens no campo (ou por que você acha que toca tanto sertanejo no Brasil todo?), quando alguma coisa boa, fácil, moleza, acontece na vida do paulistano, ele diz que foi, ou é, uma "boiada", ainda que o assunto não tenha qualquer relação com o pasto. "A competição foi a maior boiada!"
Bolacha: como os paulistanos chamam o que os cariocas, a indústria alimentícia (vide as embalagens) e o resto do país chamam os biscoitos.
Bolado: carioca não fica nervoso, fica bolado. "Ih, aí. Bolei."
Bombeiro: carioca é escandaloso. Para resolver uma goteira, chama logo o "bombeiro", mas, na verdade, é um profissional igual ao "encanador" de SP.
Bonde: qualquer grupo de pessoas em movimento, lícito ou não, no Rio. Também serve para "carona". "Cara, tu me dá um bonde até Ipanema?"
Bosta: pronuncia-se com três "s". É o "merda" do paulistano, povo mais educado do que o carioca. Além disso, permite valorizar o "s" do seu sotaque, tal como o "r" do "merda" do carioca. Em Roma, faça como os romanos. Em São Paulo, faça como os paulistanos, e fale "puta, que bosta" quando algo der errado.
Bota: o paulistano que se preze nunca levou um fora de alguém, mas já deve ter "tomado uma bota" algumas vezes na vida. O adereço rural serve ainda para dispensar objetos (afinal, o que são os homens?), como celulares, em referência ao chute que se pretende dar no mesmo. A origem da expressão vem provavelmente do fato de o paulistano ter estilo, adorar ir ao Villa Country e ser higiênico. Portanto, não vai simplesmente dar (ou levar) um "pé na bunda" descalço em (de) alguém.
Botar para jogo: gíria com origem no futebol, em referência a "colocar a bola de volta para jogo", mas em geral usada para alguma conotação sexual, no Rio, claro. "Aí, brother, não vai colocar a irmã pra jogo, não?!"
Breja: (leia-se "brêja") é a cerva paulistana.
Brigada eu: é como a atendente paulistana devolve o agradecimento que eventualmente você tenha dirigido a ela, enquanto o(a) carioca diz "obrigado(a) você", devolvendo a obrigação para o interlocutor.
Bróder: gíria derivada da original "brother", que em carioquês quer dizer "merrmão", e hoje espalhada para todo o país, inclusive para São Paulo.
Bucha: tarefa difícil em São Paulo. "Essa semana foi bucha, mêu!" Sujeito prego no Rio, que diz que manda bem, mas é um mané, na verdade. "Ah, o Zé Mário é mó bucha!"
Bumba: busão em São Paulo.
Busão: bumba, no Rio.
Cá: Camila, Carolina, Cássia, Cássio, Cátia, Carina, Catarina ou Cassiano, em São Paulo.
Cabeça para baixo: como os cariocas ficam quando estão "de ponta-cabeça", como se fala em SP.
Cabeçada: um monte de gente, uma galera, um "monte de cabeças" (daí, a expressão, dã!) no Rio.
Cabecinha: burro, limitado, em SP. "Putz, cara, meu chefe é mó cabecinha."
Cabular: menos violento do que o carioca, o paulistano não "mata" aula, como os cariocas quando jovens, mas isso não quer dizer que ele vá a todas as aulas, mas é porque ele "cabula" as aulas, em vez de assassiná-las a sangue frio.
Cacete ou caraca: versões polidas e vintage para "caralho" do carioca, povo preocupado que é com o linguajar. Não se anime: "dar um cacete" em alguém em São Paulo é descer a porrada no sujeito. "Em São Paulo, chove pra cacete no verão, merrmão."
Calabresa: a pizza toscana no Rio.
Caipiroska: como os paulistanos chamam a caipirinha com vodca no lugar da cachaça, só para parecer que é uma bebida russa.
Caipivodka: a mesma bebida de cima, como é mais comumente chamada no Rio.
Camarada: o carioca de raiz (o que fala "bicho") é, antes de tudo, um comunista, e tem muito orgulho de sua história de combate à repressão dos militares. Por isso, chama o outro, mesmo que não seja muito íntimo dele, de "camarada".
Cambal: como paulistano é honesto e está sempre com pressa, não comete cambalachos. Ele dá, no máximo, um "cambal" no trabalho, na conta do restaurante etc.
Canetinha: paulistanos são fofos. Qualquer que seja a idade dele(a), não usa "pilot" como os cariocas, usa hidrocor ou "canetinha".
Caô: história, lorota, lenda, historinha, embromação, historinhaa contada com intuito de enganar alguém no Rio. "Tá de caô comigo, merrmão?!"
Cara: o "então" do Rio, usado para começar qualquer frase, independentemente de se estar falando com um homem ou com uma mulher.
Caralho: versão mais sincera para o "caraca" dos cariocas. É o "puta merda" dos paulistanos.
Carta: a declaração por escrito que o guarda de trânsito paulistano (no caso, o "marronzinho") passa a vida esperando que o motorista envie para ele dizendo que é habilitado. No Rio, só a "carteira de motorista", ou "de habilitação" para os mais formais, já serve.
Casa: lugar cujo endereço é desconhecido onde o carioca sempre combina de te encontrar.
Casa caiu: expressão que mostra que algo deu errado em SP, inspirada, dizem, no filme "Um Dia a Casa Cai". "A casa vai cair procê, mano."
Casaco: o que os cariocas usam quando está frio (menos de 30ºC), no lugar da simples "blusa" dos paulistanos, mais acostumados ao frio.
Casa de Vídeo: como os cariocas chamam a loja de produtos para o lar e eletrodomésticos de baixa qualidade da cidade, embora o letreiro insista em dizer "Casa & Vídeo".
Causar: verbo intransitivo paulistano. A pessoa em SP não "apronta", ela simplesmente "causa", não se sabe direito o quê. Normalmente, se refere a confusão, claro, mas não precisa nem completar. "Ih, olha a mina ali causando."
Cebolão: apelido carinhoso dos paulistanos para o complexo viário que promove o encontro entre as marginais Tietê e Pinheiros e a Rodovia Castelo Branco, devido ao desenho criado por tantas pontes e viadutos, que faz lembrar os riscos das camadas de cebola (sei lá eu se o motivo é realmente este, mas, que parece, parece). Fofo, não? O sucesso é tamanho que criaram o "Cebolinha", para unir as avenidas Pedro Álvares Cabral e IV Centenário. (Baseado em sugestão do leitor Gustavo Silva.)
Cê-Ê-Tê: a "Sete-Rio" de São Paulo, a Companhia de Engenharia de Tráfego, ou "companhia de engarrafamento de trânsito", da cidade.
Celúla: telefone celular em SP.
Centro x Bairro: em São Paulo, Centro não é bairro (de fato, tem infinitos nomes diferentes para a mesma região). Os ônibus circulam no "sentido Centro" (quando voltam) ou no "sentido bairro" (quando vão) se estiverem indo para qualquer lugar que não seja o centro da cidade. A mesma referência vale para os dois sentidos das vias expressas para automóveis em geral.
Cerva: a brêja carioca.
Champa ou champanhota: como o coxinha paulistano chama champagne na balada. Não admite flexão no plural. "Bora virar umas champa hoje na balada que vai ser da hora!"
Chegar: carioca é ansioso. Por isso, ele não diz que está saindo de um lugar, mas já fala do lugar para o qual está indo. "Vou chegar lá, merrmão", quando ele quer dizer que está indo embora. Também serve para "chegar" em alguém, ou seja, se aproximar de uma outra pessoa por quem ele(a) tenha algum interesse, mas, aí, não é exclusividade dos cariocas.
Chinelo: é mentira que cariocas usam sandálias para ir à praia. Na verdade, eles usam chinelo.
Chupa: forma carinhosa e sem qualquer conotação sexual como os torcedores de futebol tratam os da torcida adversária em São Paulo, equivalente ao menos usado, e tão sutil quanto, "toma", no Rio. Atualmente, vale para políticos ou qualquer outra relação de oposição. "Chupa, Corinthians!", "Chupa, Maluf!"
Chupim ou Chupinhar: o paulistano não rouba a ideia de ninguém, ele "chupinha". Verbo de origem no adjetivo também paulistano "chupim", que serve para designar aquele que se aproveita do esforço alheio, como o pássaro do mesmo nome, que põe os ovos nos ninhos de outras espécies, que passam a chocá-los, criá-los e alimentá-los. "Fulano chupinhou meu trabalho.", "Fulano é o maior chupim!"
Churras: paulistano não vai a churrascos, vai, "ao churras". Não dava para espera nada diferente de quem toma uma brêja com o pessoal da "facul".
Chuviscar: no Rio, não tem essa de "garôa". No máximo, de vez em quando, "chuvishca", verbo que os cariocas criaram para valorizar seu sotaque.
Colar: o paulistano de verdade, quando gosta de um lugar, ele não "chega" lá simplesmente, ele "cola" lá. "Cola aí, mano!"
Colega: como o paulistano chama seus companheiros de trabalho (ao estilo do Silvio Santos e as "colegas de trabalho"). É também como os niteroienses (os maiores admiradores do Rio) chamam qualquer amigo.
Comando: o paulistano mais tradicionalista nunca foi parado numa blitz policial na vida. (Afinal, "blitz" é nome de uma banda muito carioca.) De vez em quando apenas, ele é parado num "comando", nome mais pomposo e que faz as mesmas coisas que uma blitz. Quer dizer, rouba e bate menos, a princípio (se não for na periferia de SP).
Com cerveja: carioca adora um trocadilho. E cerveja (chope, preferencialmente). Por isso, transformou a expressão "com certeza", usada para concordar de forma veemente com algo que foi dito por alguém, em "com cerveja". Em geral, quando a situação também se refere a um momento com potencial etílico, claro. "Bora na festa hoje", "Com cerveja!"
Comédia: gíria irônica paulistana para o sujeito "vacilão" ou suas atitudes. "Fulano é mó comédia, tá ligado? Tá de comédia pra cima de mim, mano?"
Consolação: estação de metrô de São Paulo que fica na Avenida Paulista. (Sugestão do leitor Gustavo Silva.)
Contigo: quando o carioca quer mostrar que o problema não é dele, ele fala "é contigo merrmo!", ou "é com ele(a) merrmo!"
Correria ou corre (1): substantivo concreto e escorregadio. Paulistano tem tanta pressa, que até o malandro local anda apressado, bem diferente do malandro tradicional carioca, que quer fazer tudo na menor velocidade possível (e com a maior vantagem idem). Pode estar, ou não, associado à criminalidade, principalmente no furto, área de especialização em que a velocidade é importante até na Bahia. Também conhecido simplesmente como "corre", podendo evoluir (?) para o "vida lôka", é o malandro paulistano do século XXI. "Fulano é correria."
Correria ou corre (2): pergunte a um paulistano como ele está e ele, quase que invariavelmente, responderá que está "na correria", ou, simplesmente, "no maior corre", mesmo que não seja verdade. Correr é status nessa cidade (até porque, com esse trânsito, andar rápido é algo do outro mundo). O paulistano de verdade mesmo já responde por você, junto com a pergunta. "Como é que tá? Na correria?", como se fosse sinal de saúde, e ele estivesse simplesmente perguntando se você está bem.
Coxinha: o tradicional "almofadinha", o indivíduo engomado paulistano, que usa gel no cabelo, trabalha no mercado financeiro ou finge que. Por vezes, o "coxinha" é também um tremendo caga-regra, que acha que entende tudo sobre qualquer assunto, sempre tem uma explicação a dar, de legislação a aviões. O senso comum costuma atribuir a origem da expressão aos PMs, que ganhavam mal e só comiam o salgado de referência.
Creonte: mané, vacilão, traidor, no Rio. Gíria de origem nas academias de jiu-jitsu, para identificar o cara que treinava numa academia, mas competia por outra. Apelido inspirado na telenovela Mandala, em que o nome com origem na mitologia grega servia para identificar o personagem mau-caráter da trama.
Curíntia: o Flamengo de SP.
Curva de rio: o empata-foda, o cara que para em tudo quanto é lugar, ou que atrai coisas ruins, em SP.
Da hora: em São Paulo, é algo tão bom que chega a ser pontual. Gíria idosa dos paulistanos para algo legal, o "animal" dos anos 1970. Deve ser essa mania de compromissos.
Da lata: gíria oitentista carioca para dizer que algo é bom, da melhor qualidade, com origem no lendário Verão da Lata, de 1987.
Dá licença: um daqueles falsos cognatos entre Rio e SP. Em São Paulo, quer dizer "o senhor, ou a senhora, poderia me conceder a licença de ultrapassá-lo(a), por gentileza?". No Rio, significa "sai da frente, se não quiser levar um empurrão no próximo segundo, porque eu só vou pedir uma vez", o que fica fácil de entender até pela entonação utilizada, em geral acompanhada de uma exclamação.
Dá seus pulo: "te vira" em paulistanês da periferia. "Perdeu? Agora, dá seus pulo aí para resolver."
ou Dan: Danilo, Daniel, Daniela ou Daniele em São Paulo.
Danone: qualquer iogurte em São Paulo, não importa a marca. Sim, é uma metonímia de marca pelo produto, de uso (quase) exclusivo do estado.
Dar o (um) boi: facilitar as coisas, ajudar alguém, em São Paulo. Mais usada na periferia, outra gíria ligada ao campo. "Vou te dar o boi do exame que você vai fazer."
Dê: Denise, Dennis, Débora ou Demétrio em São Paulo.
De boa: paulistanos são "de boa". O carioca faz as coisas (algumas) "na boa", ou "numa boa".
De fim de semana: o paulistano trabalha tanto, que, da mesma maneira que os demais falantes da língua portuguesa dizem "vou viajar para a Disney de férias", ele usa a expressão para um simples fim de semana (ou para outros dias da semana, mas falar disso estragaria a piada). "Mêu, adoro ir àquela balada de sexta." Isso quer dizer que ele gosta de ir àquele bar da Vila Olímpia às sextas-feiras. "Eu gosto de descer para a praia de fim de semana."
De foder: se cariocas são "fodas", paulistanos são "de foder". Enfim, é o "foda" dos paulistanos, normalmente mais usado com conotação negativa. "Porra, meu, fulano é de foder, hein?"
Descer para a praia: o que o paulistano médio faz toda sexta-feira, e que significa pegar seu carro e enfrentar pelo menos 4 horas de trânsito (se não for feriado) "descendo" a serra para chegar ao litoral. No Rio, a expressão é usada por quem mora na Zona Sul e pega o elevador para ir tomar um sol na areia.
Desculpa: paulistano não pede perdão. Pede "desculpa". Carioca usa os dois, desde que possa falar "perrrrdão", ou "dishculpa".
Desencanar: paulistano não relaxa, ele "desencana", sobre algum assunto. Da mesma forma, o sujeito naturalmente tenso, ou preocupado com algo momentâneo, é dito "encanado". "Fulano ficou super encanado contigo ontem.", "Ah, desencana, meu."
Desenrolar: carioca não resolve nada, ele "desenrola". Afinal, se o assunto está enrolado... "Aí, merrmão. Desenrola essa parada para mim aí?"
Domingueira: programa de domingo, em SP. Do coxinhês. Aliás, paulistano adora esse sufixo, "eira" (pronuncia-se "êra), para parecer mais informal. "Vai rolar uma domingueira na Vila Madá, hein?"
Dôuze: o numeral 12 no Rio. Nem adianta o carioca tentar falar "dôze" em SP, porque os paulistanos fazem questão de não entender e perguntar: "dois?", "onze?".
Ê: quinta letra do alfabeto paulistano. "Cê-Ê-Tê"
É: quinta letra do alfabeto (e também do analfabeto) carioca. O carioca percebe que está há muito tempo em SP quando começa a vacilar na hora de soletrar o "é" e percebe que o caso é grave quando de fato fala o "ê". A diferença também fica clara na pronúncia de determinados nomes estrangeiros. Cariocas falam "Andrés", enquanto paulistanos leem o mesmo nome como "Andrês".
Embaçar ou embaçado: o paulistano é tão apegado ao trânsito e ao clima nublado que, quando uma situação fica difícil ou chata, ele diz que tá "embaçada", "o maior embaço", tipo o para-brisa do carro. Também vale para o sujeito que dificulta as coisas, ou fica enrolando. "Pô, o Fulano tá embaçando..."
Empata: é o sujeito que "embaça" no Rio, mas, como as prioridades na cidade são outras, ele também é conhecido como "empata-foda".
Empreiteiro: paulistano gosta de valorizar tudo. Por isso, o faz-tudo é chamado, algumas vezes, de "empreiteiro", embora faça a mesma coisa que o "pedreiro" (portanto, pior remunerado) do Rio.
É nóis: versão resumida de "é nós na fita" para se dizer, em SP, o "é isso aí" ou o "pode crer" dos cariocas. Reza a lenda que a expressão original (assim como muitas outras com origem na periferia paulistana) surgiu no presídio, mais especificamente no Complexo do Carandiru, quando detentos participaram de uma filmagem no fim dos anos 1990 e, ao se verem na tela, teriam dito "é nós na fita" (na época, DVD ainda era luxo e o vídeo pela internet estava engatinhando).
Então: sujeito de quase todas as frases ditas em SP, já que aparece sempre no começo de qualquer fala. Pronuncia-se "intão", com sustenido no "ã", bem anasalado.
Explanar: espalhar uma informação, um segredo, no Rio. "Pô, aí, não explana, não!", "O maluco explanou pra geral da mulé que tu tá a fim."
Fá: nota musical e Fábio, Fabíola e Fabrício em São Paulo.
Facul: paulistano não vai para a faculdade, vai para a "facul", talvez a mais odiosa das abreviações, e que deu origem a expressões ainda mais ridículas, como "Carnafacul" para o nome de uma das festas frequentadas pelos coxinhas que falam assim.
Farol: como paulistano adora tudo que se refere a carro, chamam sinal de trânsito por nome de uma peça do automóvel (os cariocas adoram dizer que é pela distância do mar, mas na cidade do Rio também não tem farol para navio há séculos).
Fê: Felipe, Fernando, Fernanda em São Paulo.
Figura: sujeito engraçado, ou qualquer um, no Rio. Também serve para quando você não lembra o nome da pessoa. "Fala, figura!"
Filé: mulher gostosa no Rio. Fino, não? "Aquela loira é um filé."
Firma: onde o paulistano trabalha.
Firmeza: "tudo bem?" em SP, equivalente ao "beleza?" do Rio, podendo ser substituído por "firmão". Carregue no "r" paulistano. "Firmeza, mano?"
Foda: o "de foder" dos cariocas, serve para tudo, com conotação negativa ou positiva. "Essa mulher é foda!", "Minha ex-mulher é foda..."
Folgado: gíria/ofensa para quem age como carioca em SP.
Folgar: contar vantagens sobre alguém, se aproveitar de alguém, em SP. Enfim, agir como um carioca. "Esse cara tá folgando comigo..."
Formô: o novo (tem coisa de 20 anos quase) "é isso aí" do carioca, frenquentemente substituído por "já é", para mostrar que a coisa está mais do que formada, ela já existe.
Fortalecer: ajudar o outro no Rio. "Fortaleceu, hein, piloto?!", depois de o motorista do ônibus te deixar descer fora do ponto.
Fran: Francine, Francisca, Francineide ou Francisco ("Chico" é só para os mais íntimos), em São Paulo.
Frei Caneca: É a Farme de Amoedo de São Paulo, só que sem a praia no fim. A não ser que realmente assumamos que a Avenida Paulista é a praia do paulistano quando não está no litoral. Não se sabe muito bem a origem disso, mas é a rua considerada mais "gay-friendly" da cidade. A ponto de o shopping de mesmo nome na rua foi apelidado de Gay Caneca, Gay Careca ou Frei Boneca.
Fui: despedida do carioca.
Galã: paulistano de verdade tem estilo e, quando algo é legal, bonito, ou de alto nível, ele diz que é "galã", mesmo (e principalmente) se não se tratar de uma pessoa. "É galã, esse lugar, hein?"
Gema: de onde vêm os cariocas de raiz. Equivalente à Mooca em São Paulo.
Gênio: elogio megalomaníaco paulistano para chamar o sujeito de inteligente, principalmente quando ele fala (ou escreve) alguma coisa interessante.
Geral: entidade que representa "todo mundo" no Rio, possivelmente em homenagem à finada "geral" do Maracanã, normalmente aplicada sem uso de artigo antes ou pronúncia precisa das palavras no entorno, no feminino ou no masculino. "Espalha p'a geral!", "Geral tá bolada(o) contigo, irmão."
Gorfar: o que o paulistano faz quando bebe demais. Exemplo clássico de quando a gíria se sobrepõe ao vocabulário formal. Sob influência da colônia italiana, muitos moradores de SP acham que aquela vomitadinha básica de bêbado, aquele "regurgito", é representada pelo verbo "gorfar", ainda que o correto segundo os dicionários seja (não beber tanto, digo) "golfar". E, vamos combinar: se encher a cara em São Paulo, é muito mais legal passar mal no sotaque da terra e dizer que "gorrrfou" do que falar que "vomitou" (ou que fez um "vumito", como alguns cariocas mais de raiz curtem).
Groselha: o cara chato, ou as chatices que ele fala, em São Paulo. "Fulano é mó groselha", "O sujeito só fala groselha."
Guarda-sol: o paulistano é um sujeito muito precavido. Deve ser por isso que ele prefere usar um "guarda-sol" quando vai à praia, pois nunca se sabe o frio que vai fazer no dia seguinte, enquanto cariocas usam apenas uma "barraca de praia" mesmo.
Guia: é o que orienta o paulistano sobre onde que começa e onde termina o asfalto, que é tudo o que importa na vida, já que turismo não é a atividade principal da cidade."Não pode parar aí, não, mêu. Olha a guia rebaixada." No Rio, além da finalidade turística, "guia" é também o nome do colar usado pelo pessoal da umbanda. Para saber onde pode, ou não, estacionar, o carioca olha só se tem uma porta de garagem na calçada. Mas deixa o carro estacionado ali assim mesmo.
Guimba: como os cariocas chamam o resto do cigarro, o filtro queimado, ou a "bituca" dos paulistanos.
Holerite: o "contracheque", o recibo do salário, do paulistano. Diz a internet que o termo deriva do nome de Herman Hollerith, empresário americano que impulsionou o uso de máquinas leitoras de cartões perfurados para o processamento de dados em massa. Êta, povo apegado às tradições... Por pouco, não chamam SMS de "telegrama".
Ibira: o Parque Ibirapuera, mêu, para onde os paulistanos vão no fim de semana para continuar produtivos, correndo, caminhando, pedalando, enfim. Carioca recém-chegado na cidade adora chegar lá de chinelo crente que a intenção do parque é ser um espaço para relaxamento ou para o ócio, tal como a praia dos cariocas. (Apelido sugerido pelo leitor Gustavo Silva.)
Iorgute (sic): infelizmente, como alguns cariocas de diversas idades e classes sociais chamam o que os paulistanos apelidaram carinhosamente de "danone". Melhor a opção de SP, nesse caso.
Irado: o carioca se acostumou tanto à sua própria ira natural, que qualquer coisa legal hoje (há uns 20 anos, mais precisamente) é "irado, aíííí".
Já é: cariocas são impacientes. Por isso, quando ele tem muita certeza de que algo vai ser de tal forma, ele se adianta e diz que a coisa "já é". "Bora lá hoje?", pergunta um. "Já é", responde o outro.
Jô: João, José, Josué, Josivaldo, Joana, Josélia, Jovelina, em São Paulo.
Jornaleiro: carioca não vai à banca de jornal, vai "ali no jornaleiro".
Josta: como, por diversas vezes, os paulistanos falam "joça", numa mistura com "bosta", justamente para não falar a palavra mais nojenta, mas que quer dizer exatamente a mesma coisa: algo ruim, que não funciona, que deveria ser jogado no lixo.
Joelho: salgado massudo recheado com queijo e presunto no Rio, sabe-se lá o motivo do nome.
Ju: Júlia, Juliana, Julieta, Júlio, Juliano, em São Paulo. ATENÇÃO: o mesmo apelido não vale para "Giulias" e "Giulianas". O paulistano valoriza muito as suas origens e pronuncia tais nomes em italiano de novela. Por isso, da mesma forma, nesses últimos casos, o apelido paulistano é "Giu", tal como se pronuncia o segundo nome do cantor baiano e ex-ministro da Cultura, Gilberto Gil. Afinal, a regra é usar a primeira sílaba apenas. (Tá achando que é bagunça? O povo de SP é muito coerente em suas manias. Se não usa o plural, não usa nunca, por exemplo.)
Lanche: como os paulistanos, esses megalomaníacos, chamam qualquer sanduíche, pelo nome que em qualquer outro lugar do país é o nome de uma refeição inteira.
Lavanderia: casa de paulistano é chique, não tem "área de serviço" como a do carioca, tem "lavanderia".
Leque ou léski: corruptela detestável para o já informal "moleque" no Rio. Inestimável contribuição da galera do miguxês para a língua portuguesa.
Lí: Lígia, Lívia, Lia, em São Paulo.
Liga: o paulistano adora valorizar sua indústria elétrica e eletrônica. Por isso, quando algo é bom, importante, necessário, "é o que liga", como se dissessem "é o que dá liga", ou "o que faz acionar, ligar". Outra gíria do rap.
Ligar na: se o verbo "ligar" passou a ser usado para qualquer coisa em SP, quando o paulistano quer telefonar para alguém (sim, pessoas com mais de 30 ainda fazem isso), ele não liga "para" a casa ou "para" o escritório da pessoa, mas liga "na" casa ou "no" celular do sujeito. Afinal, paulistanos têm uma relação toda especial com as preposições, haja visto que fazem coisas "de" sábado, "de" sexta e "de" fim de semana.
Linha: algo que o carioca perde quando faz algo muito idiota, sem noção, sem pensar, possivelmente inspirado na época dos bondes. "Ih, fulano perdeu a linha ontem."
Louco: ou "muito lôco". Além de definir o morador de SP por natureza, é antônimo de uma pessoa tranquila, ou "sússa" (ver lá embaixo) em SP. Não à toa, a gíria é usada pelos apaixonados torcedores de futebol, como os corintianos e os são-paulinos.
Lombada: como os paulistanos chamam os quebra-molas dos cariocas.
Lu: Lúcia, Luciana, Lucas, Luciano, Ludmila, Luciane, Luísa, Lúcio, Luiz ou qualquer nome iniciado em "Lu", em São Paulo.
Má: Maria, Marisa, Marília, Marina, em São Paulo, mesmo que sejam pessoas boas. Também vale para Mário, Marcelo e outros do sexo masculino. Maurício é "Mau" mesmo.
Maciota: gíria idosa e do subúrbio do Rio (usada também no interior de SP) para "tranquilidade", "sem esforço". "Fiquei na maciota hoje."
Maleta: evolução (?) carinhosa dos paulistanos para dizer que um sujeito é mala, chato.
Malaco: o paulistano não é malandro, ele é, no máximo, "malaco". Ou seja, para superar o carioca, e mostrar que é mais malandro ainda (afinal, o cidadão de SP é competitivo), malandreou a própria palavra.
Malhar: o sucesso da novela Malhação no Rio não é à toa. Carioca adora dizer que vai "malhar", mesmo que vá só dar uma corridinha na esteira da academia. E diz que vai "correr", mesmo quando vai só caminhar na praia e restringe a corrida ao momento de atravessar a rua.
Maloca: expressão vintage para denominar os barracos das favelas de São Paulo.
Maloqueiro: gíria dentro da gíria, é o "pivete" de São Paulo, e supostamente morador das "malocas" (daí o preconceituoso apelido), que faz pequenos assaltos para ganhar a vida, ou perdê-la de vez em quando no mundo do crack e da violência. Aí, equivalente à preconceituosa expressão "favelado" dos cariocas.
Maluco: qualquer pessoa no Rio, independentemente de diagnóstico psiquiátrico. "O maluco foi pro trabalho já." No diminutivo, é maluco mesmo. "O maluquinho se perdeu."
Man: pronuncia-se "méin". Pronome de tratamento paulistano (mais precisamente, da Vila Olímpia ou de quem quer parecer que frequenta a região), em geral (mas não exclusivamente) de/para o sexo masculino, com objetivo de não usar o "cara" do carioca, brasileiro (e carioca) demais. Sim, a origem é a palavra "man" em inglês. Afinal, paulistano adora uma palavra em inglês, mas você pode pronunciar a expressão como um brasileiro falando inglês mesmo, fica mais autêntico.
Mandar bem: resolver as paradas no Rio. "Mandô bem, hein?!"
Mandar mal: mandar mal, no Rio.
Maneiro: gíria conhecida para algo sensacional no Rio. Mas eu tenho certeza de que você não sabia que o significado original dessa expressão é "fácil de ser manejado, manual, portátil, leve, jeitoso", como os cariocas.
Manha: em São Paulo, malandragem, o "esquema" dos cariocas. "Fulano tem a manha de chegar nas mina." Substantivo sem variação de número: tanto faz falar "as manha". No Rio, "manha" é só a birra daquela criança chatinha mesmo.
Manja: gíria setentista carioca para "endendeu?", manja?
Mano: adaptação dos paulistanos da Zona Leste para os cariocas "bróther" ou "merrmão", sem precisar dar o braço a torcer para a influência. Resume o estilo de vida básico do jovem morador da periferia paulistana, criador e falador de gírias que depois são usadas pela moçada da Vila Olímpia, assim como roupas largas e um tênis que parece uma broa vendido na Galeria do Rock. Pode evoluir (?) para "vida lôka", "correria" e outras expressões.
Marcar: paulistano(a) que se preze não anota nada, nem mesmo o seu pedido no restaurante. Ele "marca", tal como faz com recados, preços etc. "Quer que eu marco o seu telefone aqui?"
Marcar um dez: esperar (ou contar) dez minutos, de bobeira, ou por alguém, no Rio, claro. "Marca um dez, e sai de casa, estou quase pronto."
Marginal: apelido carinhoso das enormes avenidas que margeiam os dois rios mais conhecidos de São Paulo, Tietê e Pinheiros. Carioca que chega em SP acha a maior graça porque, no Rio, marginal é marginal mesmo, tá achando o quê? Em SP, o que marginal mais tem é carro. (Sacou? Sacou?) No Rio, é relógio, celular...
Marmitex: como os paulistanos chamam a "quentinha", ou marmita, dos cariocas. Serve tanto para a comida que se leva para o trabalho quanto para a que sobra no restaurante e a pessoa leva para casa. (Ué? Vocês não fazem isso?!)
Marrento: adjetivo carioca, e difícil de explicar para um paulistano. Refere-se ao sujeito "cheio de marra", arrogante, confiante em excesso, que tira onda, em geral com relação à força física, mas não necessariamente. Também pode ser aplicado à mulher carioca, "marrenta". "Fulano é cheio de marra, muito marrento."
Marronzinho: apelido carinhoso para a autoridade do guarda de trânsito de SP, devido à cor linda escolhida pela prefeitura para o seu uniforme e todos seus adereços. Deve ter sido para destacar e parecer que era árvore, ou qualquer outra coisa orgânica, no meio da selva de concreto e cinza. Trabalha para a Cê-Ê-Tê.
Meganha: policial, segundo a gíria da malandragem paulistana. Segundo as internets, deriva da expressão "me ganha" no sentido de prender o sujeito que fala (ou o seu dinheiro, imagino). Evolução de "gambé", cuja possível origem sofisticada é o sobrenome do inventor do telefone, Alexander Graham Bell, devido à antológica prática dos grampos telefônicos.
Meio-fio: como os cariocas chamam a "guia" dos paulistanos, com um nome que faz tanto sentido quanto (ok, faz menos sentido). Tudo bem, o carioca ignora esse limite mesmo, não faz diferença o nome, deve ser por isso que é só equivalente à "metade de um fio", uma linha imaginária que só os paulistanos respeitam.
Merenda: a refeição dos minipaulistanos quando estão na escola, já que a palavra "lanche" já foi usada para desginar exclusivamente o sanduíche no estado.
Merrmão: corruptela de "meu irmão" no Rio e prova de que até gírias evoluem, inclusive as cariocas. Deve ser pronunciada com bemol no "ã" e de forma beeeeem alongada. Não confundir com "merrmo".
Merrmo: "mesmo", no Rio.
Mestre: apelido elogioso paulistano, povo sempre preocupado com a educação e com a especialização acadêmica/profissional. Aceita variáveis, como "professor", e upgrade para "doutor", ainda que o interlocutor não tenha qualquer um desses títulos.
Meter: carioca não pega nada de ninguém. Quando ele quer algo que seja de outra pessoa, ele, simplesmente, "mete". (Mas, em geral, para coisas de baixo valor, tá?) "Aí, merrmão, meti aquela revista lá do restaurante!"
Meter o pé: o carioca não sai de um lugar, ele "mete o pé", não se sabe direito onde ou em quem, e mesmo que ele não tenha carro e, portanto, um acelerador. Expressão provavelmente derivada da mais antiga "meter o pé na estrada". "Vou meter o pé para a Barra daqui a pouco!", "Mete o pé daqui, merrmão!"
Mêu: a gíria clássica e mais batida de SP não podia faltar aqui. Equivalente ao "meu irmão" ou "brother" do carioca. Sempre com pressa, e sem querer dar lá muita intimidade, o paulistano diz apenas "mêu" (acento anasalador e extensor de vogal). São várias as teses sobre qual título completaria a expressão, se seria ainda um "meu amigo", mas uma das teses possíveis é que a gíria seja apenas fruto da possessividade paulistana, sem necessidade de qualquer complemento.
Miado: em São Paulo, um programa não é ruim, ele é, no máximo "miado", quando está vazio, provocando uma decepção. Origem inexplicável, mas provavelmente decorre do desânimo que um miado felino representa quando se espera algo mais forte. Também pode ser usado nas outras flexões do verbo. "Ih, vai miar o meu programa."
Migué: o "caô" do paulistano, o truque, pequeno golpe sem maiores efeitos, em nome de uma pequena vantagem para si. Melhor aplicado se acompanhado de um certo espírito sonso, se fazendo de morto quando solicitado, dando uma evasiva, ou simplesmente não respondendo ao que foi perguntado. "Dei um migué no trabalho hoje.", "Ele tá dando uma de migué."
Mina: as mina dos mano.
Mistura: a carne, ou o que não é arroz e feijão (afinal, são a base de qualquer refeição do brasileiro) no prato do paulistano de origem mais humilde. "O que vai ter de mistura hoje?"
Mó: advérbio de intensidade paulistana, pode ser usado com adjetivos igualmente paulistanos. "Esse bufê infantil é mó da hora, mano!"
Mocozar: verbo transitivo direto paulistano para esconder ou disfarçar algo.
Molho à campanha: o nome gaúcho para o molho "vinagrete" dos paulistanos no Rio, onde só é encontrado em churrascarias, em geral (Também chamado de "molho acompanha" por alguns, já que serve de acompanhamento.)
Monstro: evolução do "animal" carioca; vocativo masculino utilizado entre amigos que se gostam muito. Como o Rio é uma cidade muito criativa, o apelido aceita variações sem sentido como "choque de monstro" ou "Ploc Monster".
Motoboy: espécie típica paulistana, já em fase de migração em pequena escala para outras unidades da federação. Normalmente, nascem nos limites da cidade ou fora dela e, muito jovens, migram para trabalhar no meio da cidade, cruzando-a feito loucos para levar documentos e encomendas urgentes a gente que tem muita pressa e que os xinga tanto quando eles atrasam quanto quando eles passam voados ao lado dos seus automóveis. No Rio, eles dirigem ônibus.
Na atividade: gíria dos truta de SP para dizer que alguém não está dando bobeira, ou qualquer coisa, lícita ou não. "Tamo aqui na atividade, mano. Cadê você?"
Na faixa ou 0800: tipo de evento preferido dos cariocas. Se os paulistanos têm a fita de "nós na fita", os cariocas têm a faixa, para dizer que o evento é "na faixa" quando é tudo liberado. Os paulistanos já usam também, e o blogueiro nem tem certeza de onde a gíria começou. Ninguém sabe onde fica a tal faixa, nem como ela foi criada. Outra forma que vem se popularizando para dizer a mesma coisa é falar que foi "zero-oitocentos", esse mais fácil de explicar (dos cada vez mais saudosos serviços com ligação gratuita, que começavam com o prefixo "0800"). No limite, a gíria pode ser trocada ainda por "vascão", em referência ao uniforme do time de futebol que sempre fica em segundo lugar no Rio.
Naipe: "estilo" em paulistanês, normalmente para se referir de forma jocosa a alguém. "Sente o naipe do carinha que tá te olhando..."
Não mete essa: gíria recente, de paternidade discutida entre Rio e SP (o que é previsível, considerando a qualidade da expressão), justamente para recusar alguma ideia ou bobagem que alguém disse. "Ah, Jorge, não mete essa!"
Neguinho: qualquer um (mesmo) no Rio, independentemente de raça, cor ou classe social. Gíria de origem racista, claro, mas incorporada ao dialeto popular carioca e ainda bastante em uso. Na fala rápida diária, pode ser simplesmente substituída por "neguim". "Neguinho quer nada com a vida..."
Nem, Ném ou Néin: gíria que serve para chamar qualquer pessoa no Rio. Com origem no carinhoso apelido "Neném", acabou se tornando muito popular em todos os sentidos, virando inclusive nome de traficante. Como faz parte da tradição oral apenas, é muito difícil saber a forma escrita correta do apelido. "Aí, Ném! Chega aí!"
Nem fodendo: apesar da fama de pudico (na verdade, "coxinha"), paulistano é viciado em sexo. Mas tudo tem limite. Quando ele não quer fazer algo, de jeito nenhum, ele(a) diz "nem fodendo" (pronunciando todas as vogais e as letras "i" implícitas em "néim fô-dêin-dô"), como se essa fosse a condição limite para ele(a) aceitar algo. "Nem fodendo que eu vou pegar a marginal a essa hora, meu!"
Night: forma que os cariocas têm para chamar a programação noturna (mesmo que seja um bar) e de lembrar como os anos 1980 foram bregas. Como o Brasil e falar português estão na moda, já é comum muita gente falar simplesmente que "vai pra noite".
Nikiti: Niterói, para os íntimos (ou seja, os cariocas).
Nóia: corruptela de "paranóia", para designar o usuário de drogas que mora nas ruas e está sempre ligado e fazendo pequenos ganhos (furtos) para financiar seu vício em São Paulo. Evolução (?) do maloqueiro. Sem variação de número (fala-se "os nóia" ou "os nóinha", de forma mais carinhosa), pela nova reforma ortográfica, deveria ser chamado de "noia". Serve também para definir qualquer maluco(a), em geral. "Essa mina é mó nóia!"
Novinha: a menina bonita e jovem, eventualmente menor de idade, na gíria do funk do Rio. Normalmente, usado em expressões de surpresa como "quê isso, novinha, quê isso?".
Numas: contração de preposição com artigo indefinido do humor paulistano. Tal como o carioca, um dia, já ficou "numa nice (lê-se 'náice')", o sujeito (e, principalmente, a sujeita) de SP 'as vezes "fica numas", "entra numas", mas, em geral, não é numa boa. "Ih, a mina tá numas de discutir a relação agora."
Ôpa: "claro!" em SP. Pergunte a qualquer paulistano se ele pode fazer algo e, se estiver ao alcance dele, ele dirá "ôpa!". No Rio, é o "oi" da galera mais antiga.
Ôrra: interjeição oitentista paulistana, normalmente usada acompanhada do pronome possessivo também paulistano "mêu", na forma, imortalizada pelo (aparentemente, também imortal) apresentador Fausto Silva, "ôrra, mêu", servindo para demonstrar espanto sobre absolutamente qualquer assunto, mesmo que pouco espantoso, parecendo mais educados ao evitar assim o óbvio palavrão, melhor amigo dos cariocas.
(1): não quer dizer nada, mas é sinônimo de "de repente", equivalente a "se for", "se rolar", em São Paulo. Raramente, acrescenta informação ao diálogo. Normalmente, usado nas formas "se pá", "pá e bola" (que quer dizer a mesma coisa, a bola não muda nada) ou, ainda, "se pans". "Se pans, eu chego lá mais tarde."
(2): Patrícia, Paula, Paulo, em São Paulo.
Padoca: a rigor, "padaria", em São Paulo, embora seja impossível encontrar no Rio algo similar a uma "padoca" paulistana, melhor do que muito restaurante no Rio, com garçons, mesas para sentar e bufês extensos, inclusive de sopas nos dias frios.
Pagar pau: não se sabe bem o motivo, mas, quando o paulistano gosta de uma mulher, ele "paga pau", ou "paga o maior pau", para ela, quando em outras cidades haveria métodos muito mais eficientes de conquista. A expressão vale também para admiração por alguém ou a tradicional puxação de saco (ou, um pouco mais chulo, a "babação de ovo" no Rio), de onde, aliás, suspeita-se que a portanto polida expressão tenha surgido. Equivalente ao "dar mole" carioca, quando se refere ao interesse por outro(a). Embora o carioca seja mais romântico, já que "paga paixão". Uma das explicações possíveis é que a expressão tenha nascido da gíria "paus", para dinheiro. Então, se fulano "paga pau", é porque paga até dinheiro para o(a) outro(a). Enfim, é o materialismo do rico paulistano falando mais alto.
Palito: unidade paulistana de tempo, similar ao segundo e que não permite flexão no plural. "Chego aí em dois palito, mano!"
Papo reto: o paulistano é objetivo, e, ao contrário de suas extensas ruas, não dão inúmeras voltas e curvas sem mudar de nome. Quando ele quer falar algo sério para a outra pessoa, ele "dá um papo reto", vai direto ao assunto, portanto.
Parada: qualquer coisa, no Rio, sem necessidade de ser flexionado no plural. "Pega a parada aí.", "Já pegou as parada?"
Paraíba: o "baiano" do Rio, gíria igualmente preconceituosa e com origem nos imigrantes nordestinos, que serve para qualquer coisa brega, cafona ou fora de moda.
Partiu: É o novo "fui" do carioca, para dizer que está indo para determinado lugar. Pode ser usado em pergunta também, como convite. "Partiu praiana?", Partiu Circo Voador!. Quando há muita convicção do lugar para onde se está indo, vale também usar "partiu feroz".
Passa lá em casa: "te adoro, mas a gente se fala na próxima vez em que se encontrar por acaso, pois tenho preguiça de marcar algo e medo de não ter assunto com você a noite toda, além de ter outros amigos mais próximos para ver, embora possa ser bastante legal se um dia rolar de a gente sair para beber sem a gente programar antes" para um carioca.
Patrão: qualquer coisa boa/sofisticada no Rio, ou quando a pessoa está no conforto. "Essa comida tá (de) patrão, hein?", "Hoje, eu vou ficar de patrão..."
Paulista: estação de metrô de São Paulo que fica na Rua da Consolação. (Sugestão do leitor Gustavo Silva.)
Pê: Pedro, em SP.
Pebolim: pé + bolinha = pebolim, jogo de totó, ou futebol de mesa, em SP.
Pegada: paulistano que se preza e quer se dar bem com as mina tem que ter pegada. É o jeito do sujeito de "pegar" a mina, não tem nada a ver com a marca que os pés deixam no chão macio. A princípio. "Fulano é feio, mas tem pegada." Também serve para falar do jeito/estilo da pessoa. "Ele tem uma pegada meio de surfista, né?"
Pego: presente do subjuntivo do verbo "pegar" na primeira pessoa paulistana do singular. "Quer que eu pego? Quer que eu vejo isso para você?"
Perdeu: o novo "sifu" carioca, popularizado pela pivetada no "perrrdeu, plêibói".
Periferia ou perifa: São Paulo não tem subúrbio, tem periferia, ou "perifa", que é onde moram os "suburbanos" de SP (afinal, ninguém é chamado de "periférico"). É considerado periférico basicamente quem mora longe, muito longe, (a cerca de duas horas sem trânsito) do Centro ou da Avenida Paulista, basicamente, nos limites pobres da cidade. Isso, se não tiver dinheiro, claro. Se tiver dinheiro, o bairro muda de nome, e o sujeito sai do Tatuapé para o Jardim Anália Franco, por exemplo.
Perrengue: carioca não tem problemas. No máximo, passa por uns "perrengues". Nada que o impeça de espalhar esta expressão pelo resto do país.
Pilha: carioca não fica tenso, fica "pilhado", ou "estressado", para valorizar o sotaque. Carioca não zoa, "bota pilha".
Pilhar ou botar pilha: incentivar alguém a fazer algo, errado ou não, no Rio.
Piloto: o motorista de ônibus no Rio, não só pela sua habilidade, mas pela velocidade que impõe aos seus usuários. No fundo, o apelido carinhoso mostra um lado emotivo do carioca, tem origem na carência do povo fluminense, já que data do pós-falecimento do herói nacional Ayrton Senna. Sério. Bela homenagem, não?
Pintoso: o carioca heterossexual nunca acha outro homem bonito. O máximo de elogio que ele se permite fazer é dizer que fulano é "pintoso", sem que isso tenha nada a ver com os dotes sexuais do homem objeto (opa!) do comentário, eu acho. "Tá, tá bom, eu admito. O Malvino Salvador é pintoso."
Pique: é o que, estranhamente, os paulistanos cantam no fim da música de "Parabéns pra Você" ("Parabéns a Você" no nome da música em São Paulo, e só no nome, vai entender), enquanto os cariocas cantam "é big, é big" (deve ser a influência estrangeira). Nenhuma das opções faz sentido, já que seria melhor falar "é grande, é grande" no Rio e também porque ninguém sai correndo e perseguindo o outro quando os paulistanos falam "pique". A verdade é que nenhuma das duas cidades canta a música corretamente.
Pista expressa: a pista que não anda da marginal em SP.
Pivete: o "maloqueiro" do Rio.
Ponta firme: quando o sujeito é "sússa", de confiança, em SP, também conhecido simplesmente como "firmeza" com destaque para o "r". "Fulano é ponta firme, é firmeza, mano."
Ponta-cabeça: como os paulistanos ficam quando estão "de cabeça para baixo", como se fala no Rio.
Ponte: paulistano gosta tanto de uma construção, que, quando um feriado cai na quinta-feira, ele faz uma "ponte" na sexta (se não for jornalista, claro) ligando o feriado ao fim de semana (e o dia útil passa como um rio ignorado, por baixo). O fenômeno pode ser chamado ainda de "emenda". Já no Rio, mais acostumado ao noticiário de violência, o carioca "enforca" a sexta-feira sempre que pode.
Porquinho: o gaveteiro de mesa de escritório em São Paulo. Provavelmente, porque ingere qualquer coisa e não só os sapos a que estamos acostumados.
Porra: início de frase (qualquer uma) no Rio.
Porra toda: superlativo absoluto no carioquês. "Fulano é o chefe da porra toda!" (Sugestão do leitor Incitatus.)
Povo: "turma" no Rio. "Tem visto o povo?"
Praia de paulista: muitos dizem que é a Avenida Paulista, outros tantos falam que é o shopping, e mais uma pá de gente diz que é o Parque Ibirapuera. (Alguns cariocas mais antipáticos falam que é o Rio Tietê.) A verdade é que "praia" em SP é um lugar ao qual se leva 4 horas para chegar, justamente para poder relaxar dessas 4 horas de engarrafamento. Se não for Carnaval, claro, quando este tempo triplica.
Praiana: praia, para os íntimos (ou seja, quem mora na Zona Sul), no Rio. "Bora pegar uma praiana hoje?"
Pré-vestibular: carioca não faz cursinho para entrar na faculdade, faz "pré-vestibular". Quando não está na praia, claro.
Pri: Priscila, em SP.
Pum: onomatopeia paulistana para a flatulência. Carioca não "solta pum", peida mesmo. Aliás, é curiosa a quantidade de expressões, digamos, "meigas" que os paulistanos usam para compensar a sisudez diária, independentemente da classe social ou posição hierárquica, vide o já citado "quer que eu pego?".
Puta: interjeição, adjetivo e advérbio em São Paulo; trabalhadora das avenidas da praia, no Rio. No caso do uso como interjeição paulistana, deve vir acompanhada da gíria "mêu". Também encontrado na versão estendida "puta merda" (ler abaixo). "Puta, mêu, que sacanagem.", "Eu tenho uma puta consideração por você", "Mêu, mas que puta frio!", "Isso é uma puta falta de sacanagem!"
Puta merda: o "caralho" dos paulistanos, usado para valorizar o seu sotaque (destaque na entonação do "r" da "merrrda") e outra das primeiras expressões que os não-paulistanos aprendem. Afinal, se só é possível filosofar em alemão, se aborrecer com os problemas locais de SP faz muito mais sentido se for xingando no sotaque local.
Puta que pariu: vírgula, no Rio.
Putz grila: outra gíria das antigas do Rio (assim como falar "das antigas"), para substituir o palavrão de origem e fazer o carioca parecer mais educado. Usualmente, sintetizada simplesmente em "putz", ou, na forma mais anasalada, "pâtz", sempre com reticências depois. Serve para qualquer coisa desagradável, mas não muito, que aconteça.
Quebra: mais uma das gírias paulistanas que usam verbos como substantivos. Vale para suborno, aquele que "quebra o galho", como se dizia em priscas eras. "O quebra me custou R$ 100, mano!"
Quebrada: nada mais paulistano do que uma "quebrada", sinônimo para buraco, rua escondida, rua maltratada, rua perigosa. Você vai reconhecer uma quando chegar a São Paulo. Vale tanto para dizer "entra naquela quebrada ali à esquerda, para chegar lá", quanto "meu, ele mora numa quebrada...".
Quebra-molas: mais agressivos, os cariocas chamam assim as "lombadas" das ruas dos paulistanos.
Quebrar as pernas: o paulistano extravasa toda sua raiva, violência e dramaticidade, e de uma forma até masoquista, quando alguma coisa mínima que seja sai do controle. "Pô, meu, assim você quebra minhas pernas", falando com a maior calma do mundo, quando alguém simplesmente desmarca um encontro em cima da hora e prejudica toda a programação do dia. (Imagina se o sujeito morasse no Rio...)
Queimada(o): paulistanos jogam "queimada" na escola, cariocas jogam "queimado".
Querido: como o carioca chama aquela pessoa que ele, às vezes, nem gosta muito, ou gosta e não tem tanta intimidade. "Fala, meu querido!"
Rachar o bico: gíria vintage paulistana, tipo o "bacana" e a "night" do carioca. Na primeira vez em que você ouve, pensa numa nação de patos se acidentando. Depois, entende que significa cair na gargalhada, e que o sujeito riu tanto que o bico (a boca) quebrou (rachou). É metafórico, claro.
Rala peito: carioca não vai embora de um lugar, ele "rala peito", em geral quando sai rápido e sem intenção de voltar. Embora estranha, a gíria tem origem nos quartéis e nos soldados mais fracos, que muitas vezes acabavam ralando o peito na hora de pagar flexões como punição. Muitos acabavam desistindo do serviço. Hoje, usa-se apenas "ralar", e vale para homens e mulheres. "Rala daqui, playboy!"
Rê: Renata, Renato, Reinaldo, Rebeca, Renan em São Paulo.
RG: as pessoas adoram uma sigla em SP. Por isso, chamam a "(carteira de) identidade" do carioca simplesmente de "érre-gê", de "registro geral" (aquela sigla que o carioca nunca soube o que significava).
Risada: paulistano não ri. No máximo, "racha ou bico" ou só "dá risada" mesmo.
Rô: Rogério, Rosana, Roberto, Roberta, Ronaldo em São Paulo.
Rolê: como os paulistanos chamam o que os cariocas chamam de rolé, assim como ocorre com a letra "e", chamada de "é" no Rio e de "ê" em SP.
Rolé: como os cariocas chamam o "rolê" dos paulistanos.
Sacolão: o paulistano é sofisticado, mas gosta de valorizar seu lado trabalhador e, por isso, chama o "hortifruti" carioca de "sacolão", para dar uma pegada mais popular.
Salsão: verdura com os mesmos cheiro, gosto, cor e forma do aipo do Rio.
Salve: interjeição e substantivo do hip hop paulistano para quem chega ou sai. "Ih, daqui a pouco, essa mina te dá um salve!"
Sampa: apelido para São Paulo usado apenas pelos cariocas (e por Caetano Veloso). Tal como a infame piada do "um chopps e dois pastel". Graças a alguma novela, alguns cariocas usam ainda a variável "sumpaulo".
Sandália: paulistano não usa chinelo para ir à praia. Usa, no máximo, "sandália de dedo" da mesma marca e modelo dos chinelos dos cariocas.
Sanduíche: iguaria que pode ser chamada de "lanche", "bauru", "tostex", "hambúrguer" ou até mesmo "sanduíche" e ser encontrada em diferentes seções cada uma com um destes nomes num mesmo cardápio em São Paulo. Ainda que seja o cardápio de um bar. Sim, paulistano come sanduíche enquanto toma sua cerveja. E até que não fica uma combinação ruim.
Sapatinho: "discretamente", no Rio, eventualmente para fugir de alguma autoridade, como a polícia ou a sua mulher. Variação de "miudinho", gíria igualmente nascida no subúrbio. "Cheguei lá, no sapatinho, sem ninguém perceber..."
Semáforo: sinal de trânsito, pelo seu nome oficial, só usado em SP.
Sem novidade: expressão do paulistano para dizer "sem problemas", mesmo que a informação dada pelo interlocutor seja de fato uma novidade e a pessoa não te conheça (e também não queira ser antipática). "Vou pagar no cartão, ok?", "Sem novidade."
Sete-Rio: como os cariocas carinhosamente chamam a sua Companhia de Engenharia de Tráfego, ou CET-Rio. Lê-se "Séti Riu".
Shorts: como os paulistanos falam "short" (sim, sempre no plural, ex. "o shorts azul da seleção"). Os cariocas chamam tudo de bermuda mesmo.
Show ou show de bola: carioca é um bicho espalhafatoso. Por isso, quando ele gosta de algo, acha que já é motivo para um grande evento e fala "show de bola" ou, simplesmente, "show".
Si: nota musical, Simone, Sidarta, em São Paulo.
Sil: Sílvia, Sílvio, Silvana, Silmara, em São Paulo.
Sinal: farol ou semáforo no Rio.
Sinistro(a): originalmente, qualquer situação perigosa no Rio. Com o tempo, ou porque, com as UPPs do Cabral, nada mais é perigoso, a palavra "sinistro" foi direcionada para outras utilidades, para não cair em desuso e passou a designar tanto coisas boas quanto ruins.
Situação: espécie de coringa no Rio, que serve para qualquer qualquer coisa e substitui qualquer palavra. "Olha a situação.", "Isso aqui tá uma situação."
Só marcar: quando um carioca fala que "é só marcar", ele quer dizer exatamente isso, que ele "só vai marcar" com você, mas não vai, de jeito nenhum, comparecer ao compromisso em questão.
Sorveteria: tipo de estabelecimento comercial que, em São Paulo, fecha aos domingos, especialmente se estiver fazendo sol. Afinal, sorvete é apenas sobremesa de trabalhador durante a semana e não é programa para o fim de semana.
SPFC: São Paulo Futebol Clube, o Fluminense de São Paulo. Isso, só porque os dois times são tricolores, claro.
Suave: forma "malandreada" do paulistano de dizer "tranquilo", "beleza", "de boa", amplamente difundida pelo mundo do rap, para dizer que algo é leve, equilibrado, possivelmente derivado do "smooth" dos gringos. Você pede para o sujeito te quebrar um galho e ele diz: "suave", ou, mais tecnológico, "suave na nave", só porque rima.
Suburbano: como o carioca jura que o Rio não tem periferia, já que as favelas que lá deveriam estar estão ocupando toda a cidade, inclusive a Zona Sul, ele chama de "suburbano" quem quer que more fora do eixo Zona Sul-Zona Centro, independentemente de situação financeira.
Sússa ou sossegado: paulistanos não são "tranquilos". São, no máximo, "sússas" ou "sussú", ambos corruptelas de "sossegado", gíria original para alguma coisa ou pessoa considerada "tranquila", ou simplesmente "tranks", se fosse pela gíria do Rio. Sinônimo de "tudo bem" ou para o "beleza" dos cariocas. Antônimo para "muito lôco" ou "embaçado". "Fulano é sússa.", "Tô sussú."
Tá: Tatiana, Taís, Tainá, Talita, em SP.
Tá ligado?: perguntinha que aparece sempre no fim da frase de um paulistano, para saber se você ainda está ouvindo o que ele está falando. Trata-se também de uma expressão multifuncional, que serve para saber se seu interlocutor conhece algo ou reforçar uma atitude. "Tá ligado naquele bar da República?" ou "Não vou fazer nada disso, tá ligado?" (Sugestão do leitor Gustavo Silva.)
Tempo: unidade carioca de tempo, comparável a minutos, segundos, horas ou dias, sem flexão no plural. "Ih, eu vou e volto em dois tempo!"
Terminal: ponto final (de ônibus) em São Paulo. É fácil lembrar da expressão, pois também remete à forma como muitas dessas instalações se encontram.
Tesão: adjetivo elogioso para qualquer coisa em São Paulo, mesmo que não esteja relacionada a uma pessoa, ou a manter conjunções carnais com ela. E prova de que é difícil entender como os paulistanos se relacionam com o sexo. "Puta, mó tesão aquela balada, meu!"
Tijuca: único bairro do Rio com nacionalidade própria (o "tijucano") e área metropolitana, a Grande Tijuca, que engloba o Grajaú, a Vila Isabel, o Grajaú, a Praça da Bandeira, o Andaraí, o Maracanã, além da própria Tijuca.
Tirar: paulistano não sacaneia ninguém, ele, no máximo, "tira", mesmo sem dizer o quê. Provavelmente, deriva do "tirar onda" (com a cara de alguém) do Rio. "Qual é? Tá me tirando, meu?" (bem anasalado)
Tirar um barato: já que não tem praia, é o sinônimo para "tirar onda" em São Paulo.
Tiro, porrada e bomba: sempre juntos, significam uma grande confusão para os cariocas, equivalente ao "babado, confusão e gritaria" do mundo gay, podendo incluir ou não episódios de fato fisicamente violentos. "Maluco! A noite ontem foi tiro, porrada e bomba!"
Top: se uma mina é gata em São Paulo, ela é "top" (pronuncia-se "tópi", para valorizar o sotaque paulistano), provavelmente de "top model". Afinal, paulistano adora uma expressão em inglês, mesmo que seja para pronunciar em paulistanês de raiz. Expressão usada pela mesma galera que fala "méin" para chamar um amigo. Também serve para qualquer coisa que se queira dizer que é interessante. Pode ser usado ainda nas formas coxinho-exageradas "muito top" ou "superrr tópi". "A viagem foi tópi."
Toscana: a calabresa dos cariocas em São Paulo.
Tostex: como os paulistanos chamam o misto-quente ou qualquer sanduíche que seja prensado na chapa (com exceção do cachorro-quente com purê de batata), e expressão que o carioca, mesmo morando há décadas na cidade, não consegue usar, pronunciar ou mesmo entender, e sempre acaba chamando de "bauru", "baguete", "lanche"... Também, ô, cidade para ter nome diferente para sanduíche!
Total: "com certeza", em São Paulo. Quando quiser concordar muito com algo que foi dito, diga, simplesmente, "total!"
Totó: o jogo de pebolim no Rio (corresponde ao barulho que a bolinha faz quando bate na mesa, não é óbvio?!). Nome de cachorro em São Paulo.
Trampo: apesar de sua fama, paulistano não trabalha, trampa. Não se sabe muito bem desde quando. Tudo bem, todo mundo um dia cansa de levar o país inteiro nas costas. Trampo não é necessariamente um emprego, pode ser só um bico, qualquer coisa para ganhar uma grana, ou expressão de que algo é trabalhoso, tipo ler este blog. "Mó trampo ficar lendo este blog só porque o Jorge pediu." Para o Aurélio, trampo pode ser "armadilha". Alguém questiona?
Travar: ao contrário do que dizem as más línguas, o carioca não pega nada dos outros, ele simplesmente "trava", como uma catraca do ônibus que não te deixa passar. Pode acontecer até na relação entre "amigos". "Ih, travei o boné do Fulano!"
Treinar: quem malha é carioca. Paulistano "treina". Infelizmente, essa expressão tem sido importada pelos coxinhas para o Rio via Ponte Aérea.
Treta ou tretar: variação paulistana para "mutreta" e que quer dizer confusão, briga. Na forma verbal, significa "arrumar confusão". Também serve para definir uma situação difícil "Puta, mêu, fui na padoca comprar uma brêja e um mano quis tretar comigo."; "Qual é a treta, meu?"; "Esse negócio é mó treta, meu!"(Sugestões dos leitores Bruno e Gustavo Silva.)
Trocador: não, não é o lugar onde você troca a fralda do seu filho. É o nome do "homem do troco", detentor dos trocados (por isso, o nome), no Rio, equivalente ao "cobrador" do ônibus dos paulistanos.
Trouxa: xingamento clássico paulistano que, ao contrário do que ocorre em outras paragens, não é usado apenas para designar o mané, o otário, mas qualquer pessoa que te desagrade. "Sai daí, seu trouxa!"
Truta: os mano dos mano, os amigo dos mano, também sem variação de número. A origem da expressão é desconhecida e, dificilmente, faria algum sentido. "Fulano é meu truta."
Truque: variação para o "migué", o golpe paulistano. "Ih, vou dar o truque no trabalho hoje."
Truqueiro: os cariocas, na definição dos paulistanos. Serve tanto para dizer que o sujeito "dá o truque" quanto para dizer que é um jogador de truco nato, malandro.
Vagabundo: o novo "neguinho" do carioca, para parecer mais politicamente correto. Serve para falar de qualquer um, em geral um monte de gente, sem variação de número. "Vagabundo ficou bolado comigo." Quer dizer, que a maior galera ficou p da vida, com inveja, qualquer coisa.
Veja Rio: como os cariocas chamam a revista que todos em SP sabem que se chama "Vejinha".
Vejinha: como os paulistanos chamam a Veja Rio de SP.
Velho ou, simplesmente, véi: é o "bicho" do paulistano, qualquer um com mais de dois anos de idade ou com anos de vida suficientes para já saber falar. Especula-se que a gíria tenha começado com a expressão "meu velho amigo/camarada", evoluído (?) para "meu velho", "velho", "velhinho", "véio" e, então, para "véi". É a prova de que as coisas mudam em SP, principalmente se for para favorecer a pressa, no caso, de falar qualquer coisa.
Viado: melhor amigo, no Rio. No fundo, todo carioca é "viado". Calma. Este post não é homofóbico (muito menos, este blog). Gostemos ou não, esse é o vocativo utilizado entre grandes amigos (homens) no Rio. Os mais educados não usam, claro. Falam apenas "bicha". Óbvio que a origem é pejorativa e preconceituosa, mas o "viado" já foi inserido no dialeto carioca. Vai ver, é por isso que a cidade é considerada tão "gay friendly".
Vibe: leia "váibe". Não é só carioca que adora uma gíria em inglês, logicamente (como já visto em "méin"). Para dizer como está o humor de uma pessoa ou o clima de uma festa, o paulistano recorre à palavra em inglês, que quer dizer exatamente a mesma coisa no original. Até porque seria bem esquisito falar "como tá a vibração aí?", que seria a tradução mais literal do termo. "Putz, meu chefe está numa vibe de deixar até tarde hoje", "Pô, a praia não tava com uma vibe legal ontem..."
Vida lôka: é a de quem mora em SP. E também é sinônimo da expressão usada para denominar a evolução (?) do malandro da periferia paulistana do século XXI, podendo aí estar associado ou não à criminalidade, ao uso de drogas, ou ser simplesmente a vida de um motoboy. Normalmente, as frases com essa expressão não fazem sentido semântico.
Vila: apelido para qualquer bairro com nome de "vila" em SP. (Ou seja, metade deles. A outra metade é "Jardim" qualquer coisa.) Mais comumente usado para falar da Vila Madalena, bairro dos hipsters em SP, também carinhosamente chamada de "Vila Madá".
Vinagrete: nome refinado para o molho de pastel de feira em SP. Usado também em churrascos e feito à base de cebola, tomate, vinagre e azeite, podendo ser acrescido de pimentão e temperos. Nas barracas de feira, pode acrescentar ainda repolho para render. O charme especial é o saquinho em que eles embalam o molho se você pedir para viagem.
Vira: em São Paulo, nada se perde, tudo se transforma. Por isso, quando algo dá certo na cidade, o paulistano diz que a coisa "vira". "Ih, isso aí não vira, não!"
Vira e mexe: enquanto o carioca, que adora ficar sarado, "anda e vira", está na academia; "anda e vira", vai para a night, o paulistano, mais preguiçoso, só se "vira e mexe". Vira e mexe, vai para a balada, "vira e mexe", sai para tomar uma breja.
Xavecar: mais cortês, o paulistano prefere xavecar a dar azar a alguém. O curioso é que, mesmo assim, a expressão originalmente significa "agir de forma vil e desonesta", segundo o Gra(aaaa)nde Dicionário Houaiss. Portanto, pense bem antes de cortejar alguém, tanto no Rio quanto em São Paulo, pois se for um(a) linguista, poderá ficar ofendido(a).
Xaveco: "cantada" lato sensu em SP, não necessariamente ligada a uma aproximação com fins sexuais. "Dei um xaveco no meu chefe para sair mais cedo." Além de personagem da Turma da Mônica (é quase impossível, para quem é de fora de SP e foi alfabetizado pelo Mauricio de Sousa, ouvir essa expressão e não lembrar do garotinho de cabelo amarelo que tinha comportamento de fazer jus ao nome).
Zé Graça: forma irônica do paulistano de se referir ao sujeito engraçadinho, que acha que é engraçado, o carioca, portanto. "Ô, Zé Graça, fala aí..."
Zoar: mais uma daquelas palavras com uso levemente diferente entre Rio e São Paulo. Usado em SP quando uma pessoa sacaneia, ou seja, "zoa" a outra. Um lugar é "zoado" quando é sujo, ruim, como o transporte público em horário de pico. (Não deixa de ter alguém te sacaneando.) No particípio, pronuncia-se "zuado", com "u". "O trem hoje tava zuado, mano." No Rio, como os cariocas são menos formais e adoram uma bagunça, "zoar" é fazer festa, bagunça, mas também serve para tirar onda com a cara de alguém, essas coisas do dia a dia.
Zóião: apelido da periferia paulistana para o sujeito invejoso, "olho grande". Também vale como nomenclatura politicamente incorreta para o sujeito que tem hipermetropia e cujos óculos "aumentam" os olhos, ou para ovo frito no boteco, ambos em SP. Pela nova reforma ortográfica, esse sujeito, hoje, é considerado apenas "zoião".
Zuêra: escreve-se "zoeira". É a "zoação" do paulistano. Mais um uso do sufixo "eira" (lê-se "êra") em SP para uma palavra originalmente terminada de outra forma. No caso, significa "sacanagem" no mal sentido (ou seja, no não sexual), como vimos em "zoar". Se o paulistano quer sublinhar que o assunto é sério, diz "sem zoeira". "Tá de zuêra, meu?!" (Sugestão do leitor Gustavo Silva.)

Mais sobre as diferenças entre Rio e SP em:
Rio x São Paulo: Manual de Adaptação
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Êishtra! Ésstra! Supermercado tem nome diferente no Rio e em SP
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E se a Avenida Brasil da novela fosse a de SP?
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Amor à Crase
Vírgula pergunta: Salve Jorge do quê?
Vida de aspas é difícil
Vírgula pergunta: Salve Jorge do quê?
Reforma Hortográfica e a Nova Dramática Brasileira
Publicidade desserviço(ou: As piores estratégias de marketing)
Carta da vírgula na era da exclamação
Outras traduções da vida moderna:
Saint Paul: São Paulo para gringos
Glossário da Bolha Imobiliária Brasileira
Des(cons)truindo a cozinha contemporânea
Glossário do Caos Aéreo (ou "Desde que Muprhy virou controlador de voo")