quinta-feira, 15 de março de 2012

Saudade da época em que as empresas...

Faziam mudanças, não "serviços integrados de logística".
Publicavam notícias, não "conteúdo".
Tinham donos, não "controladores" ou "holdings".
Construíam prédios, não "empreendimentos".
Vendiam gasolina, não "energia".
Vendiam bijuterias, não "semi-joias".
Tinham telefone, não "fale (tecle) conosco".
Tinham fábricas, não "plantas".
Ofereciam vagas, não "posições".
Vendiam serviços de telefonia, e não "soluções em comunicações".
Eram honestas, não "socialmente responsáveis".
Vendiam passagens, não "deslocamentos aéreos".
Tinham departamento pessoal, não "recursos humanos".
Tinham área de compras, não "supply chain".
Ofereciam ônibus com ar-condicionado ("frescão" no Rio) ou, no máximo, "ônibus executivo" (com "clima de montanha" no slogan), e não "mobilidade corporativa".
Mudavam o slogan, o logotipo, o produto oferecido, não faziam "reposicionamento de marca".
Os Correios não entregavam "mais do que encomendas", mas conseguiam simplesmente fazê-las chegar ao destino final.
Se chamavam padarias, não "rotisseries".
Doceiras vendiam brigadeiros, sem se chamar "brigaderias".
Bancas de jornal e revista não se chamavam "revistarias".
Lanchonetes faziam hambúrgueres, sanduíches e cachorros-quentes sem precisar se chamar "hamburguerias", "sanduicherias" ou "doguerias", todas "gourmet", logicamente.
Restaurantes não eram "bistrôs" (ou, ainda, "comedorias").
Bares não eram lugares de "happy hour" (ou "drinkerias", "champanherias", "cachaçarias"...). E "cervejaria" era um lugar que efetivamente fabricava cerveja.
Usavam saca-rolhas, não "abridor de vinho".
Tinham chefes, não "gestores".
Tinham funcionários, não "colaboradores".
Ofereciam empregos, não "oportunidades".
Tinham pessoas que simplesmente mudavam de emprego, não "saíam em busca de novos desafios" (ou, pior, "novos voos").
Tinham porteiros e seguranças, não "auxiliares de patrimônio".
Tinham faxineiro, "faz-tudo", não "auxiliar de serviços gerais".
Vendiam coisas, não "uma experiência".
Contratavam jornalistas, não "pessoas jurídicas".
Vendiam comida, não "serviços de catering".
Se identificavam como churrascarias, não "steak houses".
Tinham serviço de cabeleireiro, não "hair stylist".
Tinham manicures, não "nail artists" ou "nail designers".
Vendiam pijamas, não "homewear".
Vendiam comidas em trailers, ou carrocinhas, não em "food trucks".
Vendiam utilidades domésticas, não "homeware".
Shoppings tinham praça de alimentação, não "boulevard gourmet" (ou "gastronômico").
Havia boleiras, e não "cake designers".
Tinham telefones, não centrais de atendimento.
Fabricavam requeijão, não "especialidade láctea".
Tinham presidentes, não "CEOs" (lê-se "síôus").
Não "desligavam" pessoas, ou faziam "reestruturações", mas, se preciso, demitiam mesmo.
Faziam comida, não "descontruíam" nada.
Eventualmente, tinham funcionários acomodados e sem perspectivas, não na "zona de conforto".
Fechavam, não eram "descontinuadas".
Lojas tinham vendedores, não "consultores".
Fabricavam sucos, não "néctar".
Tinham pessoas, e não aves, que alçam "novos voos".
De telemarketing não existiam.

Saudade da época em que ônibus com ar-condicionado era chamado assim,
ou, no máximo, de "ônibus executivo".

*Com contribuições dos leitores e amigos Flávia Mantovani, Claudia Silveira, Carolina Marcondes e Carlos Niebuhr.

Outros motivos para a classe média sofrer:
Classe média sofre quando...
Coisas das quais ainda vamos rir. Muito
Viver a especulação imobiliária é...
Conselhos do Tio Vader
Operadoras de telefonia celular conseguem, enfim, implementar bug do milênio com 9º dígito em SP
Glossário do Caos Aéreo (ou "Desde que Muprhy virou controlador de voo")
Pay Per Not View: Dicas para não saber do BBB
Glossário da Bolha Imobiliária Brasileira

quinta-feira, 8 de março de 2012

Papo masculino

Desenho: Angeli. Texto: não (e também não é do Jabor ou do Veríssimo)
Dois homens assistindo TV:
-Porra, essa Jennifer Lopez é muito gostosa.
-Ah, eu fazia.
Chega a irmã de um deles:
-Ih, ela não é nada disso que parece, é a maior baixinha, eu vi.
Homens:
-Hmmmm... Adoro mulher pequena.
-É, mulher pequenininha é ótimo.
-No outro dia, eu vi a Fernanda Paes Leme na rua.
-Gostosa?
-É. Gata.
Mulher:
-Ah, ela deu uma engordada, hein?
Homens:
-Ah, adoro mulher cheinha.
-É, mulher com coisa para apertar.
Mulher:
-Humpf!
Muda de canal. Homens:
-Essa Giselle Bündchen é uma gata.
Mulher:
-Nossa, ela é enorme! Uma magrela!
Homens:
-Hmmmmm... Mulherão. Adoro mulher alta.
-É. Mulher tem que ser magra.
Muda de canal. Homens:
-Nossa, a Luciana Gimenez é uma delícia, né?
-Esse Mick Jagger é foda.
Mulher:
-Mas ela é uma anta!
Homens:
-Hmmmmm... Mulher burra é ótimo. Não perco um BBB.
-É mesmo, são as melhores. Ih, olha lá, é a Danielle Winits.
Mulher:
-É de silicone.
Homens:
-Hmmmm... Adoro mulher peituda.
-É, mulher peituda é sensacional. Ainda mais loira.
-Loiraça.
Mulher:
-Também é falso!
Homens:
-Hmmmm... Adoro loira falsa.
-É, sexy pacas.
Volta para o Jornal Nacional. Homens:
-Nossa, não perco um dia desde que a Patrícia Poeta assumiu.
-É. Queria ela na minha bancada.
Mulher:
-Ih, ela não tem esse peito todo aí do decote, não.
Homens:
-Hmmmmm... Peito pequenininho... Maravilhoso. Morenaça!
-É. Peitinho... Gata mesmo. Também adoro morena.
-Ih, olha a Sandy!
Mulher:
-Ah, pelo amor de Deus! Mó cara de criança, ela ainda vai fazer papel de virgem quando tiver a idade da Dercy Gonçalves!
Homens:
-Hmmmm... Adoro mulher com cara de menina boazinha. São as melhores.
-É mesmo. Levantando o dedinho pra Devassa, então...
-Deve aprontar todas na cama, com essa cara de santinha. Meu tipo.
Mulher:
-Ah, chega! Vou embora!
Homens:
-Não. Fica aí. Já vai começar a novela.
-É. É horrível, mas tem a Christiane Torloni.
Mulher:
-Ela tem idade para ser sua mãe!
Homens:
-Adoro mulher mais velha.
-É. São mais experientes...
Mulher:
-Se ainda fosse a Patrícia Pillar...
Homens:
-Nossa, agora você arrasou! Mulher inteligente!
-É mesmo! Mulher inteligente me dá tesão.
Mulher:
-Não consigo mais pensar nela sem lembrar da Flora, dá pesadelos.
Homens:
-Nossa, adoro mulher malvada.
-É mesmo. São as melhores.
Mulher:
-...
Homens:
-Já acabou O Astro?
-Ih, há muito tempo. Já tem quase 30 anos de novo.
-Que pena, adorava a Carolina Ferraz.
Mulher:
-Ah, ela só faz papel de rica.
Homens:
-Adoro mulher rica.
-É. Mulher poderosa dá tesão. Vem por cima e...
Mulher:
-Sem detalhes, por favor.
Homens:
-Cara, essa Dira Paes ainda dá um caldo, hein?
-É mesmo.
Mulher:
-Ela é até bonita, mas está fazendo papel de pobre, sem o menor apelo.
Homens:
-Adoro mulher simples, desfavorecida.
-Deixa de ser viado. Ela é gostosa, e pronto.
Mulher:
-Humpf!
Homens:
-Ôpa! Hoje, tem desfile de Carnaval!
-Será que vai ter Viviane Araújo?
Mulher:
-Vocês estão de sacanagem comigo. Aquilo é a maior vadia.
Homens:
-Mulher safada é ótimo.
-É. São as melhores.
Mulher:
-CHEGA! VOU EMBORA!

(E, na saída, fala algo sobre as músicas do Roberto Carlos, que já homenageou as magras, as feias, as velhas, as gordas, mas que não dá para ouvir em meio às gargalhadas deles...)


Outros diálogos:
Mãe, criei um blog!
Por que o Brasil não precisa se preocupar com ataques terroristas
Dias (ou Noites) Modernos(as)
Diálogos que adoraríamos ver na TV
Outras homenagens:
No Dia Internacional da Mulher, nosso muito obrigado a ele: Buscopan
Capas de fim de ano: o que querem realmente dizer
Feliz Ano Novo!
Natal é tempo de...
Feliz Natal, Rio! Feliz Natal, São Paulo!
Feliz Dia da República!
Feliz Dia do Zumbi!
Feliz Dia dos Irmãos!
Feliz Dia dos Pais
Feliz Dia do Rock(y)
Dia do Amigo
Homenagem para o Dia das Mães
Para o Dia dos Namorados
Tecnologia para Leigos

segunda-feira, 5 de março de 2012

Intolerância

Agora, que até a Lei da Ficha Limpa já está valendo e o ano pode, enfim, começar, para o Brasil ser um país de verdade, só falta condenarmos os seguintes indivíduos a serem acordados diariamente ao som de "Ai se eu te pego", só ter produtos eletrônicos CCE, passar os dias falando com atendentes de telemarketing, pegar pelo menos um ônibus errado por dia e não conseguir dar "unfollow post" (deixar de "seguir a publicação") de comentários de fotos de recém-nascidos no Facebook:

Pessoas que falam alto no celular no transporte coletivo;
Gente que para o carro em qualquer lugar;
Gente que joga lixo na rua;
Gente que usa o Facebook como psicanalista;
Gente que usa o Facebook como psiquiatra;
Gente que usa o Facebook como Prozac;
Gente que usa o Facebook como Projac;
Gente que toma overdose de Prozac antes de entrar no Facebook;
Gente que espirra alto;
Gente que usa jato de água como vassoura de calçada;
Gente que posta frases "do Jabor" ou "do Veríssimo";
Gente que usa farol alto na cidade; Motorista que ignora faixa de pedestre;
Homem que pinta o cabelo de acaju e acha que ficou super natural (exceto o Silvio Santos);
Homem que usa peruca e acha que ninguém percebeu (exceto o Silvio Santos);
O Marcelo Tas, por falar "fora da caixinha" (outros comerciais igualmente irritantes, clicando aqui);
Gente que fica parada do lado esquerdo da escada rolante;
Concessionário de serviço público no Brasil, que desliga escada rolante, ar-condicionado, não troca uma porta de banheiro e só administra receita;
Os donos da Supervia;
Gente que faz estátua humana;
Presidente de escola de samba que acha que todo o bairro torce por ela e, por isso, pode ignorar a Lei do Silêncio;
Dono de balada que acha que a vizinhança é surda;
Gente que bate o carro e larga o veículo no meio da rua, atravancando o trânsito de toda a cidade, esperando o guincho, o seguro ou a PM para fazer o boletim de ocorrência.
Gente que deixa a mochila/bolsa atravessada no meio do caminho no ônibus;
Mosquito que fica zunindo no ouvido durante a noite;
Idiota que gruda chiclete na cadeira, na mesa, em qualquer lugar;
Gente que pede para desligar o ar-condicionado no verão, dizendo que "tá frio aqui";
Gente que leva comida com cheiro para o cinema;
Gente que leva comida com cheiro e senta ao seu lado no cinema;
Gente que acha que precisa explicar a piada, pois só ela entendeu.
Gente que para o ônibus na rua só para pedir informação;
Gente que entra no ônibus só para pedir informação;
Gente que acha que buzina desintegra os veículos à frente;
Vizinho que faz obra às 7h da manhã ou no fim de semana;
Vizinho que não interrompe a obra depois das 22h;
Vizinho que faz obra;
Gente que fala expressões em inglês quando há palavras perfeitas para o que se quer dizer em português;
Gente que conversa durante um show do Chico Buarque como se estivesse numa churrascaria;
Gente que usa Facebook como se fosse o Favoritos do Netscape;
Gente que chega na fila da bilheteria cinco minutos antes de a sessão começar;
Gente que entra na sala do cinema quando a sessão já começou;
Gente desconhecida que senta colada em você mesmo quando tem espaço mais longe;
Gente que pergunta "você se incomoda de mudar de lugar?";
Cachorro com latido irritante;
Gente que compra/tem/passeia com cachorrinho com latido irritante;
Gente que não sabe educar os filhos e nem se preocupa com isso;
Gente que não lava as mãos após usar o banheiro;
Gente que posta mensagem de autoajuda no Facebook;
Operador de telemarketing que liga no fim de semana;
Operador de telemarketing que liga a qualquer hora;
Operador de telemarketing que desliga na cara do cliente e finge que a ligação caiu;
Gente que não desliga o toque do celular no cinema;
Gente que atende celular no cinema;
Gente que conversa durante o filme;
Gente que engasga durante o filme;
Dono de caminhão que apita quando dá ré de madrugada;
Fabricante de caminhão que apita quando dá ré de madrugada;
O FDP que usa buzina de caminhão na cidade;
Fumante que acha que bituca se desintegra com um peteleco;
Fumante que acha que todos têm que compartilhar de seu vício;
Gente que fura fila;
Gente que não agradece;
Gente que só descobre que vai pegar ônibus (e que precisará pagar por isso) quando está diante do cobrador e, aí, resolve separar o dinheiro;
Gente que só descobre que precisa tirar os metais do corpo quando chega a sua vez no raio X;
Gente que não pede licença;
Gente que não dá licença;
Gente que não conserva (ou que destrói mesmo) calçada;
Gente que sai e deixa o celular em cima da mesa tocando;
Gente que não pede desculpas;
Gente que não desculpa;
O pássaro que canta a partir das 2h da madrugada;
Gente que não cumprimenta;
Gente que larga o carro com alarme disparando;
Gente que compra o alarme da Car System;
Motoboy que compra a versão pirata do Car System;
Pessoas que transformam automóvel em carro de som;
Pessoas que picham casas, muros e prédios com "assinaturas" (não as que grafitam, claro);
Gente que não dá passagem para ambulância;
Dono de ônibus que transporta passageiro feito gado;
Dono de caminhão que jorra fumaça de diesel na marginal;
Dono de obra que manda descarregar material de madrugada;
Pessoas que tiram silenciador de moto;
Cachorro que faz suas necessidades na rua;
Gente que faz pega (racha);
Jornalista que se acha mais importante do que o entrevistado;
Pessoas que ouvem música (?) alto no transporte coletivo;
Gente que ultrapassa pelo acostamento;
Gente que fica parada na porta do ônibus;
Empresário que contrata telemarketing para atender mal;
Gente que acha que xixi do seu cachorro é perfume;
Imbecil que coloca o grave do som do carro no último e passa desfilando;
Idiota que gasta mais no som do carro do que no próprio carro;
Gente que acha que dinheiro é autorização para desrespeitar os outros;
Gente que acha que cocô de cachorro é reboco;
Gente que trata cachorro feito (ou melhor do que) gente;
Gente que trata gente feito cachorro;
Político bandido;
Político cínico;
Político incompetente;
O Kassab, o Júlio Lopes e o Sérgio Cabral;
Governante que ignora saúde, educação e saneamento básico;
As personagens de Mulheres Ricas.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Discursos que nunca veremos no Oscar

Jornalistas mostrando que a classe passa fome
(e vergonha) em qualquer lugar do mundo (Foto: G1)
Mas que adoraríamos ver ou ouvir. Fica aqui a dica de frases que poderiam ser ditas nas premiações de Oscar, mas que provavelmente nunca serão. Para o caso de algum dia o Brasil ganhar alguma coisa e você ser o(a) premiado(a):
"Eu sou mesmo bom(a), hein?"
"Quantos filmes ruins eu vou ter que fazer agora em troca?"
"Nossa, parece bem maior na TV."
"Eu já sabia."
"Filma eu, Galvão!"
"Mãe, tô na Globo!"
"Eu tenho certeza que a Globo vai traduzir errado o que eu estou falando."
"Nossa, é sério que isso aqui não é mesmo comprado?"
"Quando recebi aquela porcaria de papel, não imaginava que eu me daria tão bem."
"Meu nome está escrito errado."
"Também, com esses concorrentes..."
"Xi, acho que esse troféu é de outra pessoa."
"Vocês não assistiram o filme, né?"
"Danem-se vocês."
"Nunca achei que uma academia tão [racista, preconceituosa, limitada intelectualmente] me daria uma honra dessas."
"Vocês não acham que eu vou agradecer a vocês, né?"
"Pelo menos isso, para compensar essa comidinha sem graça."
"Quem proibiu os garçons de me servir bebida alcoólica?"
"Se vocês soubessem quantas rasteiras eu dei para chegar aqui, não estavam me aplaudindo."
"Obrigado, mãe, por ter me tirado do rehab para fazer esse filme."
"Sério: vocês não viram os outros filmes concorrentes, né?"
"Se vocês soubessem para quanta gente, e quais pessoas, eu tive que dar, me aplaudiriam ainda mais."

Outras falas possíveis:
Papo masculino
Dias (ou Noites) Modernos(as)
Diálogos que adoraríamos ver na TV