quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Capas de fim de ano: o que querem realmente dizer

Todo fim de ano é a mesma coisa. As revistas e cadernos especiais dos jornais prometem que a sua vida vai mudar radicalmente no ano seguinte. E para a melhor. Se você já é escaldado com essa coisa de ano novo (ou seja, se você é velho), já sacou que nada vai mudar. Pelo menos, não para a melhor, e menos ainda só porque o ano mudou. Para se frustrar menos dessa vez, um tradutor para capas e matérias de fim de ano já tradicionais, do que elas dizem para o que elas querem, na verdade, dizer.

Alfa
O Homem do Ano de 2011 = O que você nunca vai ser. Grátis: um vale-consulta para o Boston Medical Group

Boa Forma
Perca até 20 quilos em 2012 = Ganhe só cinco quilos ano que vem

Claudia
Faça mais sexo em 2012 = 2011 foi uma merda, né?

Época
Coração, essa máquina misteriosa = Após ler nossa matéria, adeus, rabanada e pernil nesse fim de ano

Estadão
O que esperar de 2012 = Não perca: em dezembro do ano que vem completaremos 1.248 dias sob censura do Sarney, mas continuaremos falando disso e do assunto proibido

Exame
Onde investir na Bolsa em 2012 = Você não se cansa mesmo de perder dinheiro, né?

Faça Fácil Cozinha
Abra um restaurante em 2012 = Você vai perder o emprego em 2012

Folha
Diversifique seus investimentos em 2012 = Veja vários fundos que você nunca vai poder ter

Fórum Ele & Ela (in memoriam)
Leia com exclusividade e antecedência as melhores transas de nossos leitores em 2012 = Continue se achando brocha em 2012

Horóscopo
Como ter sorte em 2012 = Comece não comprando revistas que prometem milagres

Info
Aplicativos que vão bombar no Facebook em 2012 = Aprenda a usá-los, para quando perder o emprego por não sair das redes sociais durante o horário de trabalho

IstoÉ Dinheiro
Ibovespa a 80.000 pontos em 2012 = Alguém ainda acredita nisso?

Jornal do Commercio
Como diversificar investimentos em 2012 = Especial sobre a caderneta de poupança

Lola
Faça sexo melhor em 2012 = Divorcie-se

Marie Claire
Você vai fazer mais sexo em 2012 = Você vai se foder mais em 2012

Men's Health
Barriga sarada em 2012 = Você vai sair do armário em 2012

Nova
Faça mais sexo em 2012 = Dê para o pedreiro

Plástica & Beleza
Dê aquele up em 2012 = Viu como você ficou caída nesse último ano que passou, nega?

Playboy
Como levar aquela gostosa para cama em 2012 = Você vai continua se masturbando pensando na secretária

Quem
Flagramos Carolina Dieckmann na Praia = Carolina Dieckmann desfila e posa para foto

Sexy
Surpreenda sua mulher na cama = Leve a secretária para casa

Super Interessante
As redes sociais vão mudar sua vida em 2012 = É, em dezembro, todo mundo vai mandar mensagem dizendo que "às 12:12 do dia 12/12/12, alguma coisa muito importante vai acontecer se você mandar essa mensagem para 12 amigos de de cada 12 amigos".

Veja
Retrospectiva 2011. O que esperar para 2012 = Relembre os processos mais emocionantes que tomamos este ano. Em breve, mais escândalos sensacionalistas e mal apurados

Vip
Surpreenda sua mulher na cama = Chegue mais cedo em casa

Você SA
Dicas para ficar rico em 2012 = Em 2012, você vai dar pro chefe!

Outros posts jornalísticos:
Dia de Jornalista
Manchetes de Carnaval
Diálogos que adoraríamos ver na TV
Jornalista de Novela

Outras datas festivas:
Viva o Dia das Crianças!
Feliz Dia dos Irmãos!
Dia de Jornalista
Feliz Dia dos Pais
Feliz Dia do Rock(y)
Dia do Amigo
Homenagem para o Dia das Mães
Para o Dia dos Namorados
Tecnologia para Leigos
Natal é tempo de...

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Natal é tempo de...

Receber cartão de gente e de empresa que você nunca viu.
Desejar tudo de bom para o porteiro com quem você nunca fala.
Comer comidas típicas do clima brasileiro, como peru, panetone e castanhas. E um pernilzinho para dormir gostoso.
Se encher de comida que você não precisava comer.
Gastar todo o 13º com presentes para gente distante.
Gastar o que sobrou do 13º com as caixinhas de Natal de categorias de trabalhadores que você nem sabia que formavam uma categoria.
Morrer de calor.
Cerveja quente na casa daquela tia velha que não bebe, e colocou a cerveja para gelar às 20h30.
Ganhar cuecas. E meias.
Dizer "nossa, como o ano passou rápido".
Festa da firma.
Ficar de porre com o chefe.
Ver o chefe dar em cima da secretária.
Dar calcinhas. E sutiãs.
Gastar dinheiro à toa.
Descobrir que o chefe só fingiu estar bêbado.
Morrer de calor.
Morrer no trânsito.
Shoppings lotados.
Simone cantando "então, é Natal".
Jornais sem notícias.
Revistas com matérias especiais dizendo como ser feliz no ano seguinte.
Comer até se arrepender.
Continuar comendo depois que você já se arrependeu.
Retrospectivas.
Desperdiçar papel com cartões que vão para o lixo.
Encher o Facebook de exclamações.
Abraçar aquele familiar com quem você não tem a menor intimidade.
Decorações com neve enquanto morremos de calor.
Engarrafamento na Av. Paulista.
Engarrafamento na Lagoa.
Desejar um "próspero Ano Novo", ainda que 67% da população brasileira não saiba o que significa a palavra "próspero" e fale "próximo".
Lotar o Facebook de imagens e mensagens cafonas.
Fazer interurbano.
Receber ligação a cobrar.
Mandar para os amigos aquelas piadinhas de Natal que você tem guardadas no e-mail.
Ir para algum bairro ou cidade distante.
Conversar com aquele primo.
Ver que não foi só você que engordou.
Dizer que ano que vem você muda de emprego.
A sua tia falar que você tá lindo(a), "mais cheinho(a)".
Ouvir seu tio fazer piadas sobe "peru na boca" e "fios de ovos".
Dizer que ano que vem você troca de carro.
Alguém comprar um Papai Noel de camelô e achar uma graça.
O Papai Noel de camelô ficar "cantando" a noite toda.
A sua sobrinha reclamar que você desligou o Papai Noel.
A sua tia reclamar que você chutou o Papai Noel.
Vinho barato.
Itaipava.
Lembrar como você era besta acreditando num maluco com roupa de veludo vermelha nesse calor infernal do Brasil.
Lembrar como seus pais eram bestas de te fazer acreditar nessa história.
Comer rabanada.
Ouvir seu tio fazer piadas com rabanada.
Ler matérias dizendo que as vendas do Natal este ano cresceram 10% em relação ao ano passado.
Se abraçar à meia-noite, ainda que isso não faça o menor sentido.
O ventilador quebrar.
Fazer promessas pro Ano Novo.
Dizer que, no Natal que vem, você vai estar cabendo naquela calça.
Ouvir as mesmas piadas de todo ano do seu tio.
Roberto Carlos na TV cantando só as músicas chatas.
Ouvir as mesmas chacotas do seu tio.
Ter que jurar que você não ficou bêbado no último Natal.
Comer mais rabanada.
Tentar explicar pra sua tia o que é um blog.
Ficar com pena dos jornalistas de plantão fazendo matérias em shoppings.
Escrever alguma coisa no blog que ninguém vai ver mesmo. (Galera, vou pintar o cabelo de acaju!)
Gritar "feliz Natal" na janela, bêbado, mesmo que você seja judeu.

É isso, gente. É por essas, e não por outras, que dizem que o brasileiro é um povo feliz. Eu não sei se é verdade, mas espero que todos tenham uma noite, um ano, uma vida maravilhosos, especialmente se já tiverem passado por esse blog mais de uma vez na vida. Se conseguimos achar ótima uma noite em torno de valores tão importantes, deve ser porque tem alguma coisa boa guardada dentro de cada um. Se não temos, foram a TV e o comércio que nos convenceram a acreditar nisso. Mas, nem por isso, você merece ter uma noite desagradável. Muitas felicidades.

Outras datas festivas:
Viva o Dia das Crianças!
Feliz Dia dos Irmãos!
Dia de Jornalista
Feliz Dia dos Pais
Feliz Dia do Rock(y)
Dia do Amigo
Homenagem para o Dia das Mães
Para o Dia dos Namorados
Tecnologia para Leigos
Capas de fim de ano: o que querem realmente dizer

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Saint Paul: São Paulo para gringos

São Paulo é uma cidade cosmopolita. Com tantas multinacionais e empresas do mercado financeiro, que adoram uma expressão em inglês, essa metrópole precisa exercer sua verdadeira vocação, que é a turística. Pensando nisso, e com a proximidade de tantos eventos internacionais, seguem algumas sugestões para ajudar o povo dessa "Drizzle Land" (Terra da Garoa) a traduzir e promover logradouros e espaços culturais da cidade e do entorno.

Água Rasa - Shallow Water
Alameda Itu - Alley And You
Alameda Jaú - Almost V Lane
Alto de Pinheiros - Tall Guy from Pinetown
Avenida dos Bandeirantes - Flagmen Avenue
Avenida Bem Te Vi - Well See You Avenue
Avenida Brasil - Caipirinha Mulata Samba Avenue
Avenida Brigadeiro - Brazilian Black Bonbon Avenue
Avenida Cupecê - Ass-PC Avenue (Politically Correct Ass Avenue)
Avenida Faria Lima - Would Make Lime Avenue
Avenida Jacu-Pêssego - Stupid-Peach/Already Ass-Peach Avenue
Avenida das Juntas Provisórias - Provisory Knuckles Avenue
Avenida das Nações Unidas - UN Avenue
Atílio Innocenti - Atílio Not Guilty
Barra Funda - Deep Bar
Bela Vista - Beautiful View
Belém - Jesus Town
Belenzinho - Little Jesus Town
Bixiga - Bladder Town
Bom Retiro - Good Retreat
Brasilândia - Brazil Land
Brooklin Novo - You must be kidding!
Butantã - Crazy Boo
Cachoeirinha - Little Cataract
Camisa Verde - Green Shirt
Campo Limpo - Clean Field
Capão Redondo - Round Big Cover
Capelinha - Little Church
Carrão - Big Auto
Casa Verde - Green House
Chora Menino - Cry Baby
Cidade Jardim - Garden City
Cidade Monções - Monsoon City
Conceição - Conception
Cunha Gago - Stutterer Wedge
Estação da Luz - Light Station
Freguesia do Ó - Customers Of The Oh
Gaviões da Fiel - Sparrow Hawks of the Faithful
Heliópolis - Helium City
Higienópolis - Sanitary City
Ibirapuera - Fucking indians!
Indianópolis - Indian City
Interlagos - Between Lakes*
Itaim Bibi - Brazilian MIT in Horn Sound
Jaçanã - RIP Dwarf Girl (11p.m. Train Final Destination)
Jaguaré - Aliguator
Jardim Ângela - Angel Garden
Jardim Europa - Old World Garden
Largo da Batata - Potato's Square
Largo da Concórdia - I Don't Agree Anymore
Largo do Rio Bonito - Leaving Beautiful Rio
Mandaqui - Give Order Here
Maresias - Salt Sprays
Marginal Pinheiros - Outlaw Pines
Marginal Tietê - Groupie Gangster
Mauá - Evil A
M'Boi Mirim - Hmmm... Ox Junior
Minhocão - Giant Worm
Moema - Big Emu
Mongaguá - Retarded Watér
Morro Doce - Sweet Hill
Morro Grande - I Will Die Big
Morumbi - I Live a Two
Palmeiras - Palm Trees
Paraíso - Heaven
Paraisópolis - Paradise City
Pari - I Gave Birth
Parque da Água Branca - White Water Garden
Parque Peruche - Guevara Turkey Garden
Parque Villa-Lobos - Wolves Village Garden
Pátio do Colégio - Playground
Perdizes - I Lost Josephs
Pinheiros - Pinetown
Ponte Rasa - Shallow Bridge
Ponte dos Remédios - Medicines Bridge
Praça 14 Bis - 14 Times Again Square
Praça da Árvore - Tree Square
Praça da Bandeira - Flag's Square
Ribeirão Preto - Big Black River
Rio Pequeno - Little River
Rio Tamanduateí - IT Anteater River
Rodovia dos Bandeirantes - Scouts Highway
Rodovia Carvalho Pinto - Oak Tree Dick Highway
Rodovia Raposo Tavares - Fox Was Ground Highway
Rua 25 de Março - Crazy People Street
Rua Bandeira Paulista - Sao Paulo Flag Street
Rua Cancioneiro Popular - Popular Songbook Street
Rua Capote Valente - Resistant Mantle / Brave Keel Over Street
Rua Casa do Ator - Actor's House Street
Rua da Consolação - Relief Street
Rua Divino Salvador - Jesus Christ Street
Rua Doutor Renato Paes de Barros - Dr. Peace of Muds Street
Rua Fidalga - Gentlewoman (Someone's Daughter) Street
Rua Frei Caneca - Mug Friar Street
Rua Funchal - Anise Tree Street
Rua Gaivota - Seagull Street
Rua Girassol - Sunflower Street
Rua Harmonia - Harmony Street
Rua Hilário Magro Júnior - Funny Thin Son Street
Rua dos Ingleses - English People Street
Rua João Cachoeira - John Waterfall Street
Rua Joaquim Floriano - Flowery Portuguese Man Street
Rua Paim - Manioc / Little Father Street
Rua Pedroso de Moraes - Morals Rocky
Rua dos Pinheiros - Pine Trees Street
Rua Pintassilgo - Goldfinch Street
Rua Surubim - Little Group Sex Street
Rua Verbo Divino - Divine Verb Street
Santa Cruz - Holy Cross
Santo Amaro - Bitter Saint
São Domingos - Holy Sundays
São Joaquim - They Are a Portuguese Guy
São Mateus - Holy Matthew
Sapopemba - Frog Dick
Socorro - The Beatles Fifth Album
Tatuapé - Tattoo By Foot
Terminal João Dias - John Days Almost Dying
Vai Vai - Go Go
Vale do Anhangabaú - WTF!
Vale do Paraíba - Northeastern Citizen Voucher
Vila Clementino - Little Mercy Town
Vila Guacuri - Wicked Water Ass Laughed
Vila Guilherme - William Town
Vila Maria - Mary Village
Vila Nova Conceição - New Conception Village
Vila Olímpia - Olympic Village
Vila Prudente - Cautious Village

Mais sobre São Paulo:
Manifesto Carnavalesco Paulistano
Dicionário Rio x São Paulo de Gírias e Afins
Rio x São Paulo: Manual de Adaptação
E se a Avenida Brasil da novela fosse a de SP?
Metroviários de SP já pensam em carreira política

*Sugestão do leitor Ronaldo Kurita.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Ai se eu escrevo

Michel Teló mostrando de onde tira ideias para suas letras
Homenagem aos coleguinhas jornalistas. Para ser entoada em ritmo de "Ai se eu te pego", na hora em que der uma vontade incontrolável de cantar esse já clássico da música-chiclete.

Ai se eu escrevo
Nota, fofoca
Meu editor me mata
Ai se eu escrevo, ai, ai, se eu não escrevo

Notícia, notícia!
Já vai cair a pauta
Ai, passaralho. Ai, ai, o passaralho

Sexta-feira no pescoção
O meu chefe começou a gritar
E ligou o assessor mais mala
Tomei coragem e comecei a apurar

Nota, fofoca
Meu editor me mata
Ai se eu escrevo, ai, ai, se eu não escrevo

Notícia, notícia!
Já vai cair a pauta
Ai, passaralho. Ai, ai, o passaralho

Sábado, no show jabá
O pauteiro decidiu me ligar
Disse que eu perdi minha folga
Ou o concorrente vai me furar

Nota, fofoca
Meu editor me mata
Ai se eu escrevo, ai, ai, se eu não escrevo

Notícia, notícia!
Já vai cair a pauta
Ai, passaralho. Ai, ai, o passaralho

(repete, repete, repete, repete, repete, volta para o começo)

Outros posts jornalísticos:
Dia de Jornalista
Manchetes de Carnaval
Capas de fim de ano: o que querem realmente dizer
Diálogos que adoraríamos ver na TV
Jornalista de Novela

Outras homenagens:
Viva o Dia das Crianças!
Feliz Dia dos Irmãos!
Feliz Dia dos Pais
Feliz Dia do Rock(y)
Dia do Amigo
Homenagem para o Dia das Mães
Para o Dia dos Namorados
Tecnologia para Leigos
Natal é tempo de...
Capas de fim de ano: o que querem realmente dizer

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Frases de arrependimento instantâneo (ou quase)

Algumas frases que falamos provocam arrependimento assim que terminam de ser ditas, e ficam ecoando na nossa cabeça depois, enquanto nos perguntamos por que falamos uma bobagem daquelas.

"Amor, quer que leve algo da farmácia?"
"Hoje, eu quero um corte de cabelo diferente. Capricha."
"Pode trazer a número 36. E a camiseta P também."
"Dessa vez, o Brasil vai ser hexa, tenho certeza!"
"Não precisa ter pressa, meu amor, eu espero."
"Esse ano, o Vasco ganha!"
"Claro que a sua mãe pode ficar lá em casa, meu amor."
"Tudo bem, eu posso ouvir a oferta da sua operadora."
"Alô!" (ao atender uma ligação de telemarketing)
"Eu sei onde é, não preciso pedir informação."
"Como eu chego...?" (em qualquer lugar em São Paulo)
"Tenho bagagem para despachar, sim."
"Não, eu sou do Rio, não preciso de filtro solar."
"Tudo bem?" (para a síndica do prédio)
"Claro, eu trago sua encomenda de viagem."
"Quando é que vai chover de novo em São Paulo, hein?"
"Ai, que bom que essa farmácia tem balança."
"Vamos pela Marginal, que é mais rápido."
"Ôba! Comprei um carro para andar em São Paulo!"
"Meu amor, achei um batom no meu bolso. É seu?"
"Vamos ver a árvore de Natal na Lagoa?"
"Não, não é habilitação em publicidade, é em jornalismo."
"Claro que eu quero sobremesa."
"Ih, Nova Schin tá com um preço ótimo, vou levar!"
"Tudo bem, eu topo trocar o plantão para o próximo."
"Imagina, eu não tenho ressaca."
"Vamos de ônibus mesmo. Avião sempre atrasa."
"Alô, eu queria fazer um orçamento para uma festa de casamento."
"Ôba! Amigo secreto/oculto da firma!"
"Não, não é aniversário, é casamento."
"Claro, chefe, pode adicionar meu perfil no Facebook."
"Cerveja é tudo igual, leva essa Nova Schin mesmo."
"Amor, vamos chamar meus pais para passar o fim de semana com a gente?"
"Imagina, minha mãe vai adorar."
"Meu amor, vamos fazer uma festa de arromba de casamento!"
"Pode passar a minha vez na fila, a senhora está com tão pouca coisa..."
"Claro, pode me dar bala de troco."
"Vamos de avião. Ônibus sempre demora mais."
"Não, vamos pela Av. Paulista mesmo, não tem problema ser dezembro."
"Ué? Não tem bala de troco?"
"Ôpa! Bolão? Claro! Compro, sim."
"Mãe, vou ficar morando um tempo na sua casa, tá?"
"Não, pai, não precisa me dar um carro, uma viagem tá ótimo!"
"Mãe, tudo bem se a gente não passar o Natal juntos este ano, né?"
"Eu vou fazer vestibular para Jornalismo."
"Não, moça, não é Direito, é Jornalismo. É aqui que faz a matricula, né?"
"Imagina, o diploma de Jornalismo não vai cair nunca!"
"Não, pai, não vou fazer Direito, eu quero ser jornalista."
"Claro que eu sei chegar lá."
"Eu quero trocar de operadora."
"Você troca essa nota de 100?"
"Claro que eu quero entrar no bolão da Mega-Sena da firma!"
"Voces têm programa de corrida para os funcionários aqui na empresa? Legal!"
"Meu amor, vou criar um blog."

Outras frases que podem mudar sua vida:
Darth Vader Entediado
Pensamentos do dia
Axioma de Copo d'Água
Redes sociais: definição
Afinal, o que é a vida

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Glossário da Bolha Imobiliária Brasileira

Quando decidimos dar um passo na direção de uma nova moradia, é que percebemos
o valor do jornalismo. Sem ele, seria muito difícil embrulhar copos e pratos.

Quem procurou apartamento para comprar recentemente já entendeu que o mercado imobiliário se divide entre gente que não pode vender (porque está com o nome mais sujo do que pau de galinheiro) e gente que não quer vender (gente que não desapega e coloca anúncio só porque quer saber quanto seu imóvel vale na praça). Para ajudar os milhões de brasileiros nesta experiência importante e traumática, que é a realização do sonho do endividamento próprio, em meio aos preços galopantes dos imóveis, segue aqui este pequeno glossário de termos e expressões esdrúxulas usadas por corretores e suas respectivas traduções. Bom proveito.

Aceita financiamento: quem não aceita é o banco, já que o vendedor tem um monte de processos e o seu crédito pode não ser aprovado.
Aceita proposta: não baixa um real.
Aconchegante: fica um forno no verão.
Apartamento ventilado: tem janela.
Área de lazer: salão de festas. Só.
Área nobre: Centrão.
Área tradicional da cidade: Cracolândia.
Bem localizado: serve para qualquer rua ou bairro, partindo do princípio de que o comprador tem carro e adora passar quatro horas por dia dentro dele. Na verdade, deveria ser usado em anúncios de venda de automóvel.
Compacto: apartamento para anão. Solteiro.
Dúplex dois quartos: um quarto com puxadinho.
Excelente metragem: derrubadaço. Ideal para você que quer plantar soja em Pinheiros ou em Botafogo.
Exclusivo: sim, é o mesmo que outros cinco corretores já te ofereceram.
Imóvel totalmente desembaraçado: está no inventário.
Incorporadora super correta: quando o corretor diz isso, ele quer dizer que ele mesmo tem um processo trabalhista contra a incorporadora. Mas foi só para dar um susto neles, ele jura.
Interfone: meu amigo, quando o anúncio coloca interfone e salão de festas como "benefícios", prepare-se, porque é uma bomba.
Inquilino: o cara que vai infernizar sua vida e fazer de tudo para não te entregar o apartamento que não é dele. Isso, se ele te permitir visitar o imóvel para conhecer.
Itaú: não adianta fugir. A verdade sobre o mercado imobiliário brasileiro é que, de um jeito ou de outro, você vai dar dinheiro para eles. Se não financiar lá, vai acabar comprando um piso Durafloor ou louças e metais para pia da Deca. Sim, é tudo deles.
Loft: quitinete reformada.
Milhão: são os novos R$ 200 mil*.
Open space: quitinete.
Ótimo para criar plantas: e fungos. Gelado e úmido. Péssimo para seres humanos e animais.
Padrão ou original: o apartamento está "no padrão" ou "todo original" quando ainda tem os mesmos azulejos azul-calcinha dos anos 1940 (e os fungos dos 1950, 1960 e 1970 em diante) e instalações hidráulicas e elétricas compatíveis, logicamente. Um lixo.
Perto do metrô: se você tiver carro.
"Posso me mudar em 15 dias": frase dita pelo vendedor quando ele quer dizer "vou morrer nesse prédio, porque nem comuniquei ao resto da família sobre a venda do apartamento ainda".
Preços exagerados: quando o corretor fala isso do mercado, é porque ele mesmo vai te oferecer o mesmo apartamento pelo dobro do preço daqui a alguns meses.
Prédio com serviços: tem porteiro. E elevador.
Pronto para morar: se você gostar de armários dos anos 1970, sinteco dos anos 1980, pintura dos anos 1990 e encanamento dos anos 1940.
R$ 500 mil: não vale R$ 300 mil.
Sala aconchegante: não cabe uma mesa.
Sinal: nome gentil para qualquer valor acima de R$ 100 mil que não sirva para dar qualquer garantia ao comprador.
Studio: quitinete.
Tem história: mal-assombrado.
Tem inquilino: quase a mesma coisa.
Terceiro quarto reversível: quarto de empregada anã que dorme em pé, sem janelas mesmo, reversível em uma sapateira. Ou masmorra.
Varanda: área de serviço.
Vendedor idôneo: é o que tem só meia-dúzia de execuções fiscais e outros três processos trabalhistas nas costas.
Vende logo: sim, esse apartamento é o mesmo que você já viu anunciado em diversas imobiliárias, por preços diferentes, nos últimos seis meses.
Vista: eu não falei que tinha "vista", eu quis dizer que só aceita "pagamento à vista".
Vista devassada: devassada pela especulação imobiliária.
Vista livre: livre de beleza.

*Contribuição da amiga e leitora Flavia Bohone.

Mais da bolha imobiliária e outros motivos para a classe média sofrer:
Viver a especulação imobiliária é...
Classe média sofre quando...
Coisas das quais ainda vamos rir. Muito
Saudade da época em que as empresas...
Conselhos do Tio Vader
Operadoras de telefonia celular conseguem, enfim, implementar bug do milênio com 9º dígito em SP
Glossário do Caos Aéreo (ou "Desde que Muprhy virou controlador de voo")
Pay Per Not View: Dicas para não saber do BBB

Glossário da Bolha Imobiliária Brasileira

Quando decidimos dar um passo na direção de uma nova moradia, é que percebemos
o valor do jornalismo. Sem ele, seria muito difícil embrulhar copos e pratos.

Quem procurou apartamento para comprar recentemente já entendeu que o mercado imobiliário se divide entre gente que não pode vender (porque está com o nome mais sujo do que pau de galinheiro) e gente que não quer vender (gente que não desapega e coloca anúncio só porque quer saber quanto seu imóvel vale na praça). Para ajudar os milhões de brasileiros nesta experiência importante e traumática, que é a realização do sonho do endividamento próprio, em meio aos preços galopantes dos imóveis, segue aqui este pequeno glossário de termos e expressões esdrúxulas usadas por corretores e suas respectivas traduções. Bom proveito.

Aceita financiamento: quem não aceita é o banco, já que o vendedor tem um monte de processos e o seu crédito pode não ser aprovado.
Aceita proposta: não baixa um real.
Aconchegante: fica um forno no verão.
Apartamento ventilado: tem janela.
Área de lazer: salão de festas. Só.
Área nobre: Centrão.
Área tradicional da cidade: Cracolândia.
Bem localizado: serve para qualquer rua ou bairro, partindo do princípio de que o comprador tem carro e adora passar quatro horas por dia dentro dele. Na verdade, deveria ser usado em anúncios de venda de automóvel.
Compacto: apartamento para anão. Solteiro.
Dúplex dois quartos: um quarto com puxadinho.
Excelente metragem: derrubadaço. Ideal para você que quer plantar soja em Pinheiros ou em Botafogo.
Exclusivo: sim, é o mesmo que outros cinco corretores já te ofereceram.
Imóvel totalmente desembaraçado: está no inventário.
Incorporadora super correta: quando o corretor diz isso, ele quer dizer que ele mesmo tem um processo trabalhista contra a incorporadora. Mas foi só para dar um susto neles, ele jura.
Interfone: meu amigo, quando o anúncio coloca interfone e salão de festas como "benefícios", prepare-se, porque é uma bomba.
Inquilino: o cara que vai infernizar sua vida e fazer de tudo para não te entregar o apartamento que não é dele. Isso, se ele te permitir visitar o imóvel para conhecer.
Itaú: não adianta fugir. A verdade sobre o mercado imobiliário brasileiro é que, de um jeito ou de outro, você vai dar dinheiro para eles. Se não financiar lá, vai acabar comprando um piso Durafloor ou louças e metais para pia da Deca. Sim, é tudo deles.
Loft: quitinete reformada.
Milhão: são os novos R$ 200 mil*.
Open space: quitinete.
Ótimo para criar plantas: e fungos. Gelado e úmido. Péssimo para seres humanos e animais.
Padrão ou original: o apartamento está "no padrão" ou "todo original" quando ainda tem os mesmos azulejos azul-calcinha dos anos 1940 (e os fungos dos 1950, 1960 e 1970 em diante) e instalações hidráulicas e elétricas compatíveis, logicamente. Um lixo.
Perto do metrô: se você tiver carro.
"Posso me mudar em 15 dias": frase dita pelo vendedor quando ele quer dizer "vou morrer nesse prédio, porque nem comuniquei ao resto da família sobre a venda do apartamento ainda".
Preços exagerados: quando o corretor fala isso do mercado, é porque ele mesmo vai te oferecer o mesmo apartamento pelo dobro do preço daqui a alguns meses.
Prédio com serviços: tem porteiro. E elevador.
Pronto para morar: se você gostar de armários dos anos 1970, sinteco dos anos 1980, pintura dos anos 1990 e encanamento dos anos 1940.
R$ 500 mil: não vale R$ 300 mil.
Sala aconchegante: não cabe uma mesa.
Sinal: nome gentil para qualquer valor acima de R$ 100 mil que não sirva para dar qualquer garantia ao comprador.
Studio: quitinete.
Tem história: mal-assombrado.
Tem inquilino: quase a mesma coisa.
Terceiro quarto reversível: quarto de empregada anã que dorme em pé, sem janelas mesmo, reversível em uma sapateira. Ou masmorra.
Varanda: área de serviço.
Vendedor idôneo: é o que tem só meia-dúzia de execuções fiscais e outros três processos trabalhistas nas costas.
Vende logo: sim, esse apartamento é o mesmo que você já viu anunciado em diversas imobiliárias, por preços diferentes, nos últimos seis meses.
Vista: eu não falei que tinha "vista", eu quis dizer que só aceita "pagamento à vista".
Vista devassada: devassada pela especulação imobiliária.
Vista livre: livre de beleza.

*Contribuição da amiga e leitora Flavia Bohone.

Mais da bolha imobiliária e outros motivos para a classe média sofrer:
Viver a especulação imobiliária é...
Classe média sofre quando...
Coisas das quais ainda vamos rir. Muito
Saudade da época em que as empresas...
Conselhos do Tio Vader
Operadoras de telefonia celular conseguem, enfim, implementar bug do milênio com 9º dígito em SP
Glossário do Caos Aéreo (ou "Desde que Muprhy virou controlador de voo")
Pay Per Not View: Dicas para não saber do BBB

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Hatebook, a rede antissocial

Cansado de reclamar que a sua vida não é tão legal quanto a do perfil dos seus amigos do Facebook? Desconfiado de que aquelas fotos das "Ilhas Fiji" da sua colega de serviço foram tiradas na verdade em Praia Grande? Duvida que seja possível alguém ser tão feliz em Paquetá (ou indo ao supermercado numa quarta-feira chuvosa) quanto aquela sua amiga faz sempre parecer? Está cansado de tomar chope com seus amigos e nunca achá-los tão divertidos quanto os das fotos dos seus conhecidos do Facebook? Seus problemas acabaram!

Vem aí: Hatebook! O espaço para você adicionar (na verdade, "Eliminar" será o nome do botão) aquela operadora de telefonia que só te sacaneia, aquela(e) colega de trabalho puxa-saco que vai sempre com um decote maior do que o seu e tem a simpatia do(a) chefe, e aquele vizinho que reclama de barulho no seu apartamento mesmo quando você está dormindo. O lugar onde você vai poder admitir que odeia segunda-feira ou qualquer outro dia da semana, e que não acha o último filme do Lars von Trier, ou qualquer iraniano, sensacional.

Só no Hatebook, a pessoa que postar mensagem com imagem de setinha em auto-referência ("essa pessoa...") receberá automaticamente um vírus poderoso, e quem escrever "Veríssimo" ou "Jabor" ao fim de uma frase de efeito será enviado para o limbo tecnológico eterno, e terá sua senha do banco enviada para todos os endereços de e-mail dos domínios @pcc.org.br, @comandovermelho.org.br e @bangu1.gov.br.

Finalmente, um lugar onde você vai poder destilar todo o seu rancor com relação àquelas pessoas que (dizem que) acham que o mundo é maravilhoso, que as férias delas foram as melhores do mundo, que adoram compartilhar detalhes da sua vida conjugal (e ex-conjugal) e que usam exclamações para tudo!!!!!!!!! Será a primeira rede com o botão "Dane-se" já incorporado à plataforma original, para você poder dizer o que realmente pensa daquele comentário otimista vazio, ou daquela mensagem de autoajuda atribuída a um autor famoso que nunca escreveria aquela bobagem. É o fim do oversharing!

E, como mau-caráter que se preza não mostra o rosto, não será preciso colocar uma foto sua. Pelo menos, não uma de verdade. Fique à vontade para usar a imagem de quem você quiser difamar.

Ei, você que não usa o Facebook como antidepressivo! Essa é a sua chance!

*Está lançada a ideia. Agora, só falta um investidor capitalista para bancar o projeto. Se bem que eu duvido que um investidor "anjo" compactue com uma pobreza de espírito dessas.

Outras ideias cretinas sobre a internet:
Defina 'rede social'
A vida e o Facebook
Selo Oversharing
A vida vista pelo Instagram
Perdi meu Uísque na Balada, Perdi meu Tempo na Internet

domingo, 11 de dezembro de 2011

O município da Barra da Tijuca

A cada vez que leio sobre a emancipação de algum novo município, algum estado da federação (na verdade, um) querendo criar um novo país, ou um estado discutindo a sua divisão, não consigo deixar de lembrar do plebiscito que os moradores da Barra da Tijuca fizeram nos anos 1980 para virar um município à parte, no Rio de Janeiro.

Até hoje, sustento que a proposta só não saiu vencedora porque não deixaram o resto do município do Rio, e quiçá do estado, votar. No caso hoje do Pará, não conheço a história o suficiente para tomar alguma posição com argumentos suficientes para formular a tréplica quando começar a ser ofendido nas redes antissociais pela minha opinião. Só desejo sorte ao povo do estado, na escolha que fizerem.

No caso do Rio, fico imaginando como seria hoje a relação entre as duas cidades-irmãs. Acho que teríamos antecipado em alguns anos a discussão sobre os royalties do petróleo, mas talvez com outros objetos menos nobres como referência. Separados os dois municípios, qual deles ficaria com a fama pelas academias de jiu-jitsu? O Rio ou a Barra? A novela Malhação se passaria onde? No Rio ou na Barra? A Griselda (o Pereirão Lília Cabral) moraria onde? No Rio ou na Barra? A Barra continuaria sendo "da Tijuca" ou renegaria de vez suas origens?

O Rio, sem a Barra, com certeza estaria quebrado financeiramente, e seus cidadãos seriam personagens de reportagens sobre "os novos paus-de-arara", falando dos cariocas que se mudaram para a Barra para poder trabalhar em empresas que não se chamem Petrobras. Mas, pelo menos, não teriam que morrer de vergonha a cada vez que alguém pergunta se "é verdade que vocês têm uma Estátua da Liberdade lá". (Sim, têm.)

Outra vantagem para o Rio teria sido se livrar de alguns prefeitos que ajudaram a acabar com a cidade, partindo do princípio de que quem mora na Barra só poderia se candidatar pela Barra. Mas ainda são muitas as dúvidas existenciais. A Baronetti* ficaria onde? No Rio, em Ipanema, onde se originou, ou se assumiria como boate de playboys da Barra? Que cidade do Brasil seria conhecida pela sua fixação com a beleza física? O Rio ou a Barra? O Posto 9 seria tomado por gordinhos relaxados, tomando cerveja, despreocupados de fazer pose bonita no sol? Quais seriam os limites da Barra município? Levaria Jacarepaguá junto? A Globo passaria a ter seus estúdios em outra cidade, então? É muita discussão para um domingo só. Melhor deixar tudo como está. Bom domingo a todos.

*Boate de onde saem 11 de cada 10 playboys que se envolvem em confusões na noite do Rio, hoje em Ipanema, fora da Barra.

Manhattan é aqui. (Imagem: ookaboo)
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quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Entrevista com: alho-poró, o novo tomate seco

Alho-poró em momento descontraído, soltinho
O tomate seco já não é mais o mesmo. Primeiro, foi a rúcula que o abandonou para seguir carreira solo. Agora, é o alho-poró que rouba o seu lugar. Nessa entrevista exclusiva, o alho-poró fala da responsabilidade de substituir a iguaria amiga em todo e qualquer prato, e conta o segredo do seu sucesso.

Você pretende substituir o tomate seco?
Alho-poró: A carreira do tomate seco começou a degringolar quando ele começou a aceitar de tudo. O sucesso dele começou na pizza de rúcula, mussarela de búfala e tomate seco. Nos últimos tempos, eu vi o tomate seco se afundando até em vodka.

Mas você pretende se unir a quem?
Alho-poró: As revistas de fofoca, como Receita Minuto e Faça Fácil Cozinha, e aquela fofoqueira da Ana Maria Braga já deram que eu ando saindo com a quiche e com o risoto. Meu limite é a pizza. Eu acho que a pizza é o fim da carreira de qualquer verdura.

Quais foram os erros do tomate seco?
Alho-poró: O primeiro erro do tomate seco foi essa associação com a mussarela de búfala. Depois de um tempo, todo mundo percebeu que nunca havia visto uma búfala na vida. Muito menos em Minas Gerais. Foi uma grande sacanagem com o queijo minas, eu acho, transformá-lo em bolinha e dizer que a mãe dele era outra.

Como você explica a sua fama repentina?
Alho-poró: Eu sempre estive por aí, disponível nas feiras e gôndolas de hortifrutigranjeiros. Esse meu primeiro nome, Alho, sempre fez muita gente fugir de mim. O frango grelhado dos restaurantes a quilo não seria nada sem mim.

O tomate seco diz que muito do teu sucesso hoje se deve a ele...
Alho-poró: A história, o povo e o Alex Atala vão me redimir. Não foi porque eu e o tomate seco fizemos dupla em algumas receitas de massas e tortas que eu ficaria dependente dele. O tomate seco precisou carregar aquela encostada da rúcula, e ser "tomate seco" para fazer sucesso.

Como você reage aos comentários de que, na verdade, você é uma cebola?
Alho-poró: Nunca dei motivos para duvidarem da minha sexualidade. Eu estou muito mais para alho do que para cebola. Esse mundo da cozinha é cheio de panelinhas, é preciso tomar cuidado, porque, quando você menos espera, vem alguém e te frita.

Você considera sua carreira consolidada?
Alho-poró: É só olhar qualquer bufê a quilo por aí. A ascensão da classe C fez heróis e vítimas. Depois que o tomate seco entrou no cardápio da Parmê no Rio e do Bon Grillé em São Paulo, a carreira dele acabou.

Algum último recado para o tomate seco?
Alho-poró: De seco, o tomate seco não tem nada. Não dá para disfarçar aquela gordura, aquele azeite todo. Se ele não quiser se aposentar de vez, vai acabar a carreira no Mc Donald's. Ou no Giraffas.

Mais bobagens gastronômicas:
Direito de Resposta: Tomate, o Injustiçado
Nabo ensina: como fingir que é arroz na bandeja de sushis
Cenoura desabafa: "eu não sou salmão"

Des(cons)truindo a cozinha contemporânea
Outras entrevistas exclusivas:
Urânio Enriquecido revela: queria morar em Goiânia

O que vocês vão ver aqui

Como sou uma pessoa à frente do tempo dos meus bisavós, começo o blog numa época em que todo mundo só usa redes sociais. Então, o que você vai ver aqui é basicamente o que não cabe no Facebook ou no Twitter (140 caracteres, pfff...). O que você com certeza NÃO VAI VER aqui são: matérias que eu escrevi, ou textos assinados pelo Veríssimo e pelo Jabor, escritos pelo seu vizinho de espinha na cara. A não ser que seja para sacanear a tosqueira desses textos e os idiotas que os republicam sem sequer checar a origem.

Culpem-me

Primeiro post é que nem redação da escola. Para não falar das minhas férias, então, segue uma breve apresentação: sou um jornalista carioca habitante de São Paulo há quase dez anos. Como todo jornalista adora escrever bobagens, e nem sempre seus empregos permitem (ou melhor, não permitem que escolhamos as bobagens que vamos escrever), fica sempre aquele desejo frustrado de escrever o que realmente se pensa, até que um dia um amigo dono de uma editora alternativa lhe convide a imprimir o seu blog e chamar de livro. Sempre tive preconceito com a ideia de blog, porque, diferente de um emprego, que paga contas e tem sempre pelo menos uma pessoa (aquele editor que te pautou) a quem você pode culpar por ter publicado uma besteira, no blog a culpa é toda sua. Com o tempo, espero poder culpar uns três leitores que comentarem neste espaço.