quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Ser jornalista de economia é...

Imagem: marjoriedeane.com
Em homenagem ao Dia Internacional do Jornalista, no próximo dia 8 (já que não existe um "dia do jornalista econômico"), segue uma singela lista deste blog do que significa ser jornalista de economia:

1. Ler placas de carros com as iniciais CVM, FGV, CDI, IPC, IGP, PIB, BMF, EBX, FGC, CDB, BCB, BTG e achar a maior graça.
2. Achar graça na propaganda do Itaú que fala "saca debêntures?".
3. Ter que ouvir todos os amigos da família querendo que você dê "dicas de investimentos", como se você investisse em algo além da poupança quando sobram R$ 10 na sua conta, ou como se você fosse continuar sendo jornalista se realmente soubesse como ganhar dinheiro no mercado financeiro.
4. Ouvir "como assim você não investe em ações?", sempre que você explica que mal consegue pagar suas contas e que, justamente por cobrir economia, você não confia nessa "coisa de mercado", nem tem estômago para isso.
5. Usar o seu melhor terno (o único) e, mesmo assim, ainda ser a pessoa mais mal vestida do evento.
6. Ouvir a recepcionista do evento perguntar "imprensa?" assim que você chega, antes mesmo de se identificar.
7. Achar que é "local" dos melhores restaurantes da cidade, só porque vive na aba das fontes.
8. Escolher a coletiva do dia priorizando a pauta que inclui almoço ou a que tiver o melhor bufê.
9. Gastar todo o primeiro salário do emprego novo para comprar roupas novas e jurar que, agora, vai se vestir igual às suas fontes.
10. Ouvir a voz do ministro da Fazenda no aviso sonoro do trem.
11. Pedir o prato mais caro do restaurante, mesmo tendo alergia a camarão.
12. Sofrer quando a fonte decide não pedir sobremesa.
13. Fazer cara de conteúdo, e fingir que conhece, quando a fonte comenta sobre o lugar para onde ela foi nas últimas férias.
14. Não entender como tanta gente bem informada sobre o mercado cai em roubadas tão previsíveis.
15. Ver os coleguinhas jornalistas de outras áreas achando que você ganha muito mais do que eles.
16. Não derrubar este mito.
17. Fazer a dança da vitória quando recebe a mítica e gigantesca cesta de Natal daquele banco.
18. Tentar transformar em pauta aquelas conversas com o camelô ou com o taxista.
19. Conseguir transformar em pauta aquelas conversas com o camelô e com o taxista.
20. Dar valor a uma coleção de cartões de visitas como se fossem figurinhas do álbum da Copa de 1990. Alguns serão da mesma época, de fato.
21. Sua família achar que você é uma celebridade porque encontra o ministro da Fazenda toda semana.
22. Se achar rico porque vai a um evento cheio de banqueiros.
23. Voltar a se sentir pobre quando conversa com eles.
24. Ouvir executivo achando que você é publicitário dele, te pedindo para fazer uma matéria "bem bonita" sobre a empresa dele.
25. Jurar que, no mês que vem, você muda para o caderno de Cultura.
26. Confundir "milhão" com "bilhão", porque você nunca viu nenhuma das duas quantias mesmo.
27. Ouvir sua família cobrar que você seja um bom investidor, ou que saiba fazer contas complexas de cabeça, afinal "você trabalha com isso". (E só é pobre por acaso.)
28. Virar casa de câmbio, com todo mundo te perguntando se o dólar vai subir mais, se já deve comprar ou não para a viagem que vai fazer no mês que vem.
29. Achar que a ação de uma empresa vai despencar depois de uma matéria sua, e vê-la explodir em alta, ou vice-versa. (Não é à toa que jornalista é honesto, e não usa informação privilegiada para fazer dinheiro no mercado.)
30. Se sentir importante porque você sabe a diferença entre os 500 índices de inflação que existem no Brasil, ou pelo menos o nome "por extenso" deles. E sabe o que é (ao menos, tem uma ideia) superávit primário.
31. Ter que ter sempre uma profunda análise política formada e embasada sobre o governo e "tudo isso que aí está", para responder quando os parentes e os amigos deles perguntarem. (E eles sempre perguntam.)
32. Ligar para a assessoria de imprensa da empresa de telefonia para resolver o problema daquela conta que eles já te cobraram indevidamente cinco vezes.

Outros posts jornalísticos:
Jornalismo, ano 2035
Pautas para a Jornada Mundial da Juventude
"Eu sou feliz sendo jornalista"
Como jornais, sites, revistas e a TV noticiarão o fim do mundo
Profissão: pobre
Eu tô no jornal ("Então, é Natal" para jornalistas)
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Máximas e mínimas do jornalismo
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Capas de fim de ano: o que querem realmente dizer
Ai se eu escrevo: Michel Teló para Jornalistas
Diálogos que adoraríamos ver na TV
Jornalista de Novela

4 comentários:

  1. Morri de rir, pra variar ;-P
    O que me impressiona é que, como jornalista de economia, você se tornou um ótimo crítico gastronômico.

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    1. Hahahahaha... Obrigado, Duda. Servimos sempre para agradar de vez em quando. Todos temos que pensar num plano B, afinal.

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  2. É almoçar filé no Rubayat e jantar espetinho do Roberval

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    1. Hahahahahahaha... Muito boa, amigo Anônimo! Bem lembradíssimo.

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